Se um processo de nomeação de Mérito Municipal é, em princípio, um mero acto executivo da autarquia que o propõe, é também uma realização plena de representatividade por parte de todos os munícipes que compõem a edilidade. Ou seja, uma nomeação por excelência tem que ter acoplada um elevado mérito plasmado num sentimento de justiça que em axioma, verdade sem contestação, não levante a mínima celeuma aos consagrados e, no mínimo, agrade à maioria.
Ora, salvo melhor opinião, se em cinco contemplados nada haverá a apontar, já o sexto, nomeadamente o senhor capitão da GNR, Cláudio Lopes, - “Bairradino, com raízes no concelho da Mealhada, desde julho de 2017, comanda o Destacamento de Anadia da GNR que integra os Postos de Anadia, Sangalhos, Mealhada, Bustos e Oliveira do Bairro”, in jornal da Bairrada – esta escolha, a recair num comandante militar em serviço na cidade que o medalha, deixa muito a desejar.
Ressalvo que não tenho a honra de conhecer o digníssimo capitão, nem me move qualquer animosidade pessoal contra este senhor ou a força que representa.
Será que um elemento de uma polícia que, no activo, exerce fiscalização num concelho que lhe concede uma das mais altas distinções não poderá condicionar a sua independência e imparcialidade no seu desempenho? No limite, até acredito que não vai influenciar, mas que não fica bem, isso não. Nem a quem lha concede, nem a ele que a vai receber.
E se, por hipótese, um dia destes (longe vá o agoiro) a segurança, de pessoas e bens, descambar no concelho da Mealhada e o executivo tiver necessidade de agir contra o comandante de destacamento? Com que distância vai operar contra um funcionário público medalhado no activo?
Não duvido que estejamos perante uma medida legal, mas que, a nível ético, gera controvérsia e conflito não tenho dúvida alguma.
As polícias, enquanto órgãos de segurança interna, tal como a mulher de César, não podem só serem sérias, têm de parecê-lo. Acontece que esta ligação, inevitavelmente, cheira a promiscuidade.
Repito, estou certo que esta situação não foi devidamente ponderada.
É certo também que, por parte da edilidade mealhadense, parece haver uma certa propensão para valorizar em excesso a GNR do posto da Mealhada. Não esquecer que no último Janeiro a autarquia distribuiu 300 mil máscaras cirúrgicas por funcionários municipais, instituições particulares de solidariedade social (IPSS), bombeiros, GNR e serviços de saúde do concelho. Também nessa altura levantei a questão desta oferta à GNR.
Vale a pena pensar nisto?
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