segunda-feira, 20 de maio de 2019

BAIXA: A FESTA DA FLOR E DA PLANTA ENTRE O CUSTO E O BENEFÍCIO







No âmbito do Dia Internacional do Fascínio das Plantas, criado em 2012 pela EPSO, European Plant Science Organization, neste último Sábado, 18 de Maio, pela Câmara Municipal de Coimbra foi promovida uma edição especial da Festa da Flor e da Planta, cuja alegoria já vem do tempo do saudoso Mário Nunes, à época, então vereador da autarquia.
Durante a madrugada de Sexta-feira para Sábado, dezenas de voluntários, membros de vários grupos de folclore e associações congéneres, numa dedicação digna de nota, construíram vários tapetes florais no chão ao longo de várias ruas, praças, largos, escadas e patins de várias igrejas da Baixa. Pela beleza, pelo trabalho minucioso de realização, pelas obras de arte, com a vinda de vários milhares de visitantes à zona histórica, o aplauso foi unânime. É para repetir?
Cerca das 18h00 do mesmo dia de Sábado, isto é, escassas nove horas depois, sob orientação camarária, um exército de funcionários da limpeza varreu tudo para o lixo. Ou seja, o desempenho de dezenas de esforçados altruístas, numa frieza que dá que pensar em desrespeito, foi completamente destruído. Estará certo o procedimento?
Mesmo sem levar em conta a barata mão-de-obra dos abnegados criadores, podemos perguntar: quanto custou ao erário público a matéria-prima constituída pelas flores e outras plantas ornamentais?
Sabendo nós que a Cultura é o esteio que religa a sociedade, no desenvolvimento económico, indústria, comércio e serviços, na inclusão social, no progresso equitativo do território, contudo, existe uma premissa importante: todo o investimento público aplicado na Cultura, num balanço ponderado entre custo e benefício, deve gerar riqueza num retorno a médio ou longo prazo.
Por silogismo, dá para ver que este projecto realizado este ano na Baixa, por estar ferido do efémero, nos mesmos moldes, não serve para o futuro. Ainda que todos batam palmas em aclamação, assim, não pode, nem deve repetir-se. O dinheiro nosso, resultado dos nossos impostos, sendo o sangue que nos corre nas veias, não pode esbanjar-se desta maneira, frívola, fútil e sem ambição. Então, pode interrogar-se, qual a alternativa?
Entre outras soluções possíveis, para o próximo ano, somente deve ornamentar-se com flores naturais as frentes dos monumentos nacionais. O alindamento das ruas, largas e estreitas, deve passar a fazer-se com tapetes de flores em papel pregadas em rede e suspensos sobre as cabeças dos passantes. Por outro lado, mantendo-a em exibição, pelo menos, durante uma semana, a decoração deve ser alargada a todos, moradores e comerciantes, que queiram participar no evento.
Vale a pena pensar nisto?

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