Depois
de 43 anos ao serviço da Baixa, encerrou as Modas Bagui, no Largo
Paço do Conde, um respeitado estabelecimento dedicado a roupa de
qualidade para homem e senhora.
Decorria
o “verão quente” de 1975 quando o casal constituído por
Basilícia e Eduardo Guimarães abriu as Modas Bagui, no Largo Paço
do Conde, mesmo em frente ao desaparecido Saul Morgado. Nessa altura
e até finais de 1990, toda a Baixa, em toda a zona envolvente de
ruas, largos e ruelas, era um autêntico formigueiro de pessoas.
“A
decadência da Baixa começou com a abertura das grandes
superfícies, em 1993”, enfatiza Eduardo Guimarães. “Eu e
o meu filho fizemos parte da manifestação de comerciantes –
contra a abertura da Makro e do Continente e convocada sobre a égide
de César Branquinho, um comerciante respeitado que já deixou a
actividade mercantil há vários anos – contra a sua instalação
na cidade. Só os mais pequenos se insurgiram. Os grandes
comerciantes da Baixa alhearam-se completamente do que estava a
acontecer. Aliás, num egoísmo incompreensível, nunca quiseram
saber do declínio que estava em marcha.
Hoje,
tivemos de tomar esta decisão. Aliás, foi o médico que recomendou:
se queríamos viver mais uns anos, o melhor era irmos embora
depressa. No estado em que se encontra a zona comercial, isto mata em
vez de dar saúde.
Uma
pessoa passa o tempo a fazer contas de cabeça. Estamos a trabalhar
só para os impostos. Não se consegue ganhar para a renda – que,
nesta parte, não tenho nada a dizer do meu senhorio. Foi sempre uma
pessoa conscienciosa, há muitos anos que não me aumenta a renda.
Não se ganha para comer!
Este
ano, para suportar os custos, não houve qualquer mês que não
tivesse injectado dinheiro anteriormente amealhado. Valeu mais termos
escolhido a saída. Não tivemos mesmo outra solução de recurso
senão fechar a porta.”
QUE
SOLUÇÃO PARA A BAIXA?
Continua
Eduardo Guimarães, “a seguir ao 25 de Abril e até hoje, todos
os políticos que passaram na Câmara Municipal, sem excepção,
conseguiram dar cabo da Baixa. Deram cabo disto! O Centro Histórico
está abandonado e entregue à sua sorte. São só hotéis, mais
hotéis, e mais nada! E o comércio não conta?
Até
2000 o negócio ainda foi mais ou menos. A partir daí foi sempre a
baixar. As pessoas deixaram de vir à Baixa. Não há volta a dar a
isto! Se os políticos querem assim, assim seja! Nós fazemos-lhe a
vontade!”
Desde Janeiro, último, incluindo este fecho, o número de encerramentos comerciais na Baixa sobe para 27.
Desde Janeiro, último, incluindo este fecho, o número de encerramentos comerciais na Baixa sobe para 27.
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