Meu
caro Dr. José Manuel Silva.
Começo
por lhe agradecer as suas alegações na Página da Câmara Municipal (Não Oficial) em defesa da posição que tomou o seu grupo
parlamentar no chumbo do projecto para residência estudantil nas
antigas instalações da EDP, ao fundo do Parque Dr. Manuel Braga –
e aqui confesso, com toda a sinceridade, a minha enorme admiração
pela sua frontalidade, pela humildade em reiterado discurso directo
de comunicação escrita, de vir a terreiro arguir e justificar
actos do seu mandato de edil.
I
Depois
dos elogios vamos às hostilidades. Sem pretender dar lições de
ética e filosofia, começo lhe dizer que, mesmo praticando humildade
qualquer um pode ser arrogante – eu sou mestre nesta amostra. E, a
meu ver neste caso, o caro eleito, enquanto cabeça de lista de um
movimento político, parece apresentar-se com alguma superioridade
moral. Isto é, como se a oposição, pelo simples facto de o ser,
fizesse tudo bem e não devesse ser escrutinada. Como sabe melhor do
que eu, à oposição no executivo camarário não lhe chega ser do
contra. Ou seja, como se transportasse um estandarte de pureza espiritual
iluminado por Deus, tudo o que faça tem cobertura de aprovação na
colectividade. Acima de tudo tem de parecer atenta, sobretudo
eficiente, ao que se discute nas questões de cidade no hemiciclo. Em tomadas de posição na abstenção, aprovação
e chumbo, pelo seu desempenho, tem de convencer os eleitores de que a salvaguarda do
interesse público transcende a mera conveniência e ambição
partidária de alcançar o poder. Porque é minoritária, e muitas
vezes o Estatuto da Oposição não é respeitado, a dificuldade em
levar a sua mensagem ao público é duplamente um obstáculo. No
entanto, mesmo neste mar encapelado, as regras são como se
apresentam e é assim que, se quer constituir alternativa ao poder
vigente, terá de se mostrar melhor do que quem ocupa a cadeira
municipal.
II
Vamos
ser objectivos: o trazer à colação e comparar o caso em apreço
com a aprovação da Torre do Arnado e o Túnel da Solum -que, salvo
erro, foram aprovados no mandato de Mendes Silva, em finais da década
de 1970 – não me parece argumento sério e a levar em conta.
Sejamos
claros: se o executivo liderado por Manuel Machado não tem nem
mostra ter qualquer estratégia para a recuperação e revitalização
da Baixa, a verdade é que, dentro das limitações que enunciei por
ser minoritário, também não vejo um plano director para o Centro
Histórico no movimento Somos Coimbra (mSC). Não chega escrever que
a Baixa, comercial, hoteleira e residencial, é uma preocupação.
Quero mais do que isso!
Por
exemplo, só para exemplificar: o mSC é a favor ou contra a
instalação de mais grandes superfícies na cidade? Gostava de
saber. Isto, porque ao ler as declarações em cima fiquei em dúvida.
Vou relembrar-lhe o que escreveu:
“(…)
Ou
no investimento em supermercados, de que Coimbra não precisa, como o
recente e escandalosamente instalado na Guarda Inglesa?”
E
mais em baixo:
“(…)
Ninguém fala no facto do Partido Socialista estar deliberadamente a
bloquear o investimento do IKEA, uma loja âncora que atrairia
diariamente milhares de pessoas a Coimbra e à margem esquerda,
dinamizando também o comércio local?”
O
que
pretende o mSC fazer da Baixa? É a favor ou contra a vinda de mais
residentes?
III
Num
dos comentários refere o seguinte:
“O
movimento Somos Coimbra sugeriu à Câmara e ao promotor que, se
genuinamente pretende investir em Residências de Estudantes, em vez
de se fomentar a especulação imobiliária intensiva, com enormes
volumetrias, aposte na recuperação de prédios degradados da Baixa
para essa mesma finalidade.”
Em
que se baseia para classificar este investimento como especulativo?
Tem conhecimento de alguma informação que não é pública? Quer
fazer o favor de partilhar connosco esse dado?
Estando
num sistema de economia de mercado, acredita, por acaso, que algum
investidor vai deixar cair um projecto e direccioná-lo para outro
objecto só porque é aconselhado por um movimento político com
assento no executivo?
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