Num amável convite feito por José Gomes, o mentor do jornal satírico semanário Movimento Humor, nascido em Coimbra neste 5 de Outubro, Dia da Implantação da República, deixo aqui a minha contribuição para o número primeiro.
O REGADOR
Neste
terceiro Sábado de Setembro, encontrei o Chico Pintelho a
transpirar arduamente com o seu Smartphone no escritório de
todos os dias: a esplanada d’A Brazileira, na Rua Ferreira Borges.
Estava acompanhado com um regador.
Como
sempre, mal me avistou, como que a convocar-me, com aquela voz
caninha de irritante provocação, atirou logo: “olha o Luís
Fernandes!”.
O
Pintelho é uma sofisticada e moderna espécie de Jean
Valjean, o personagem de Os Miseráveis, de Vitor Hugo, um
sem-abrigo a quem o Estado paga para não ir preso, já que os gastos
com o presídio ficam mais elevados.
Sentei-me
a seu lado. Depois dos cumprimentos da praxe, atirei: “Sempre
a trabalhar!”
-Claro!
O RSI só chega lá para vinte e poucos… Estou a acompanhar em
“streaming” a conferência, em Lisboa, sobre “O Futuro do
Trabalho dá que Pensar”. Estou muito preocupado…
-E
o regador, aqui em cima da mesa? É para quê? Interrogo.
-Vim
há pouco do Parque Verde. Com uma vasta comitiva, tudo gente
importante incluindo o ministro da saúde, estive lá a regar a
oliveira do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Vou ser membro pleno
da Associação dos Amigos da Rega da Oliveira SNS, que está a ser
criada na cidade. Vou ser o “regador” de serviço. O
esforço vai ser gigantesco. Trabalho muito e arduamente pela causa
nacional, não acha?
-Estamos
CÃOversados.
1 comentário:
Bem verdade, há gente que só se lembra do SNS quando é para regar a Oliveira....
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