Durante esta manhã -segundo uma testemunha- um dos vidros de uma das montras da desaparecida
sapataria A Elegante, na Rua Visconde da Luz, apareceu estilhaçado.
Escrito assim, e se considerarmos o vandalismo crescente na cidade,
poderíamos dizer: “a oeste nada de novo”. Mas se
acrescentar que a defunta rainha das sapatarias de Coimbra
encerrou em 2012 e há 5 anos que se encontra abandonada nos estados
escandaloso e miserável em que se apresenta hoje talvez a coisa
mude de figura.
Segundo
parece, por que já escrevi vários textos sobre este monumento à
incúria e à negligência, o novo adquirente do prédio em 2011- que
não conheço- acrescentou um novo piso sem projecto, sem licença e
sem autorização camarária e por isso mesmo foi embargado. Até
aqui, repetindo, “a oeste nada de novo”. O que vem a
seguir -ou melhor o que não vem por nada acontecer- é que choca. O
que resta da velha sapataria A Elegante são resquícios de uma
história comercial que deveria ser respeitada. Ou seja, ao que
parece e alegadamente, a coberto da ilegalidade do proprietário, os
serviços camarários abandonaram este assunto à sua sorte, e já lá
vão cinco anos. É óbvio que não é o único. A Baixa está prenhe
de monstros destes. Não sei se estou a ser claro, não estou a
defender que se passe uma esponja por cima do ilícito, mas quero
dizer que neste imbróglio, mesmo sobre o manto da lei e a sua
interpretação dar razão à Câmara, a situação não pode ser
mantida “ad eternum” e como se nada acontecesse. Quem está
obrigado a solucionar o problema é a administração, no caso a
edilidade, e não o proprietário imprevidente. Isto é, a autarquia
deveria sancionar e dar um prazo para executar. O dono não fez,
desobedeceu à ordem, neste caso, os serviços estão obrigados a
actuar com celeridade, seja com posse administrativa e demolição,
seja com coima, seja com outra medida legal qualquer. Embora
desconheça as prerrogativas do Código Administrativo, tenho a
certeza de que há lei para acudir a esta calamidade. Pelos vistos,
coragem é que falta. O que se passa é que, desde há décadas, esta
omissão é recorrente na zona histórica e tudo contribui para um comércio de rua em liquidação.
E tanto mais grave é que
este deixa-correr, por um lado, numa artéria principal com a
importância da Rua Visconde da Luz, é de um prejuízo
incontabilizável para o meio envolvente, por outro, seguindo
a psicologia social de que desordem gera desordem, na tese das
“Janelas Quebradas”, este desprezo pelo bem patrimonial,
para além de se estender a outros prédios vizinhos, leva a uma
vontade incontrolável de o destruir ainda mais. Não se sabe se a quebra da vidraça será resultado desta teoria.
Vale
a pena pensar nisto?
2 comentários:
Como pode existir nesta cidade tanto desleixo para numa das ruas principais desta cidade.So'se Olha para Coimbra porque temos uma torre da Universidade,mas nesse local DEVIA existir talvez uma chaminé de fábrica para meditar em Como seria mais válido para se dedicarem com interesse a tudo o que seja de Coimbra !!!!
Pertenco à familia antiga proprietária da sapataria A Elegante. A unica e exclusiva culpada desta situacao é a Camara Municipal de Coimbra, que forcou as duas proprietatias, idosas e filhas dos Srs. Pombo (fundadores da empresa Madeira e Pombo, Lda) a vender o edicifio ou a executar obras de recuperacao faraónicas e sem raozabilidade nenhuma, sob pena de consfico do imovel ou multas altissimas. Perante este cenário as idosas proprietarias, com medo das represalias camararias, acabaram por vender o edificio ao desbarato em plena crise....e o resultado 6 anos depois é o que se ve. Afinal eram as obras assim tao urgentes em 2011 para ninguem passados estes anos todos ser obrigado a executá-las ?
A pergunta que fica é: quem é que na Camara Municipal lucrou com esta negociata?
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