sábado, 21 de maio de 2016

BAIXA: RUAS CHEIAS, RUAS SEMI-VAZIAS





Hoje, Sábado, está a realizar-se a Feira da Flor, no canal entre a Praça 8 de Maio, passando pela Rua Visconde da Luz e a terminar a meio da Rua Ferreira Borges. Talvez por ter sido adiada –era para ter acontecido há uma semana-, está mais diminuída na oferta de expositores. Normalmente, vai até ao Largo da Portagem, ocupando parte deste espaço já de si sobrecarregado com esplanadas.
Mesmo assim, apesar da menor oferta de vendedores, os visitantes acorreram em massa e, por volta do meio-dia, podia verificar-se que as pessoas quase se atropelavam nas ruas largas. À mesma hora, nas ruelas estreitas, a que muitos chamam baixinha, o movimento era ténue, o que até levou a uma comerciante amiga a comentar: “já viu, Luís, lá em cima tanta gente e aqui, mesmo havendo alguns transeuntes, não há negócio.”
Assim que bateram as 13 badaladas na Igreja de São Bartolomeu praticamente todas as lojas comerciais nesta zona velha encerraram e podia ver-se as ruas, ruelas e becos, completamente desertas. Já escrevi bastante sobre esta realidade. Ou seja, seguindo o mesmo exemplo dos anteriores, por que raio continua a actual vereadora da Cultura, Carina Gomes, da Câmara Municipal de Coimbra, a teimar em não dividir este e outros eventos pela Baixa ao invés de os centralizar apenas num local? Quando poderia contribuir para a revitalização desta zona, levando a que os comerciantes aderissem à abertura durante o Sábado de tarde, com esta medida está-se a concorrer para o situacionismo. Se faltarem exemplos, tome-se Aveiro como modelo e verifique-se o sucesso da Feira de Velharias, ao Domingo, espalhada pelo centro histórico. Esta questão, curiosamente despoletada por uma empresária da rua larga, já deu origem a um abaixo-assinado.
No limite até pode pensar-se que se o comércio, erradamente, encerra às 13h00 de Sábado é um problema de cada um. Na generalidade, de facto, é assim, mas já na especialidade não é. A alma da cidade, o espírito, só é viva, refulgente de vida, e agradável se os seus operadores económicos, para além do seu interesse egoísta, estiverem também dispostos a dar um pouco de si para a tornarem atractiva. Mas para isso acontecer, para despoletar essa “dação” pela colectividade, é preciso que se sintam apoiados pelo poder camarário, sentindo que o exemplo vem de cima, e que as suas dificuldades são compreendidas. E esta responsabilidade cabe por inteiro aos políticos eleitos. Ganharam o pleito eleitoral porque apresentavam nos seus programas ideias novas para uma cidade velha.
É curioso verificar que entre funcionários públicos e políticos eleitos existe um certo apriorismo entre eles e os operadores comerciais. Para estes, quando referem os comerciantes, tratam-nos como pacóvios, atávicos, que nunca evoluem, que são malandros. Que a crise que atravessa o comércio de rua é inteiramente por sua culpa –e desresponsabilizando-se dos licenciamentos em barda de grandes superfícies. Esquecem que os pequenos empresários são cidadãos que, por sua conta e risco, sem rede, arriscam tudo por uma independência –não dependente de subsídios estatais-, por uma dignidade que lhe advém do trabalho. Estão entregues a si mesmo. Não têm ordenado certo que lhes permita orientar a família. É uma falta de respeito ver alguns funcionários públicos, bem acomodados em almofadas de segurança, desancarem em lojistas ou outros operadores –o contrário também é válido, ou seja, tomar todos os funcionários públicos –e políticos- como maus prestadores do serviço público.
Era bom que os ocupantes do poder perdessem um pouco da sua áurea divina e fossem mais humildes. Até agora, e juntando os anteriores, ainda não tivemos um vereador da cultura que olhasse a Baixa com olhos de ver. Como Deus, olham de cima, têm uma visão holística, do todo, e despiciente dos pormenores. Pode ser que um dia a coisa mude. Vou esperar sentado para não ganhar caibras nas pernas.

A FEIRA DOS 23 AQUI TÃO PERTO

Mais uma vez a Praça 8 de Maio, terreiro em frente à Igreja de Santa Cruz e Panteão Nacional, que deveria ser sagrada e consagrada apenas a cerimónias de grande gabarito e de acordo com a história da Nação, hoje, parecia a feira dos 23. É uma pena os nossos governantes locais não verem mais e continuarem a faltar ao respeito ao nosso Fundador da Nacionalidade, Afonso Henriques, e seu filho, Dom Sancho I.

1 comentário:

Anónimo disse...

ESSAS CIDADES DO NORTE TEM UM BELO PADRÃO