Largo da Freira, Sexta-feira, 10h30, 20 graus
celsius, Sol esplendoroso a acariciar e, num assédio descarado, a lançar-se para cima dos transeuntes.
O prédio da sapataria Trinitá, com frente para
o largo, –em processo de insolvência e encerrado há cerca de dois anos-, como em massacre de agonia, continua à espera de uma solução que tarda. O velho Quirino Adelino, que
trabalhou toda a sua longa vida no comércio, merecia outro respeito por parte
do poder judicial e do Estado.
O edifício em obras interrompidas e com tapume
à frente há cerca de uma dezena de anos, agora em venda, como extensão dos
moradores e comerciantes da praceta, parece suplicar a alguém que lhe pegue e lhe
dê outra utilidade para além de gatil.
Para não variar e provar que vale mais um
costume arreigado que uma ordenação social disciplinada, e que o lixo pode e
deve fazer parte da paisagem urbana, esta pequena praceta apresenta-se hoje
como habitualmente, como ontem,
antes de ontem e mais e mais
atrás –como quem diz, muito feliz por, pela omissão, merecer tanta
distinção e, sem que se faça nada por ela, poder fazer parte de nós, da Baixa.
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