sexta-feira, 20 de maio de 2016

TUDO IGUAL COMO DANTES




Largo da Freira, Sexta-feira, 10h30, 20 graus celsius, Sol esplendoroso a acariciar e, num assédio descarado, a lançar-se para cima dos transeuntes.
O prédio da sapataria Trinitá, com frente para o largo, –em processo de insolvência e encerrado há cerca de dois anos-, como em massacre de agonia, continua à espera de uma solução que tarda. O velho Quirino Adelino, que trabalhou toda a sua longa vida no comércio, merecia outro respeito por parte do poder judicial e do Estado.
O edifício em obras interrompidas e com tapume à frente há cerca de uma dezena de anos, agora em venda, como extensão dos moradores e comerciantes da praceta, parece suplicar a alguém que lhe pegue e lhe dê outra utilidade para além de gatil.
Para não variar e provar que vale mais um costume arreigado que uma ordenação social disciplinada, e que o lixo pode e deve fazer parte da paisagem urbana, esta pequena praceta apresenta-se hoje como habitualmente, como ontem, antes de ontem e mais e mais atrás –como quem diz, muito feliz por, pela omissão, merecer tanta distinção e, sem que se faça nada por ela,  poder fazer parte de nós, da Baixa.

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