sexta-feira, 27 de maio de 2016

TUDO IGUAL COMO DANTES




Largo da Freiria, Sexta-feira, 10h30, 20 graus celsius, Sol a espreguiçar-se e, num fico não fico, a vacilar se vai continuar a brilhar durante o dia ou, para castigar certos humanos filhos de mãe, vai dar lugar a uma chuva tola e indesejável.
Aqui neste encantador recanto histórico tudo se mantém igual, a não ser os gatos que habitam um prédio abandonado há cerca de uma dezena de anos e são protegidos por uma reconhecida associação. Ainda há pouco foram esterilizados –para evitar a procriação. Então não é que, fosse por isso ou não, a gataria anda com o cio nesta altura? Sempre tivemos o mês de Janeiro como o período natural para a reprodução. Esta noite, entre as 4h30 e 05h30, foi um festival orgiático. Os gemidos das “meninas”, “méeeeeeeeeeeeeeee”, não deixaram dormir ninguém. Às tantas, sei lá, com tantos carinhos no pelo reluzente, estão a ficar com o DNA transformado.
Claro que o que me leva a escrever nem o incómodo por não deixarem dormir ninguém. Ora essa, primeiro estão os animais! O que me preocupa é o elevado esforço do gato macho. E se ele morria em pleno acto sexual, por causa de tanto esforço físico? Não é por nada, mas, nestas alturas de cobrição, acho que estes animais deveriam ser acompanhados, durante a noite, por um veterinário e um técnico da referida associação. Este abandono deixa-me apreensivo.
Para não variar e provar que vale mais um costume arreigado que uma ordenação social disciplinada, e que o lixo pode e deve fazer parte da paisagem urbana, esta pequena praceta apresenta-se hoje, mais uma vez e como habitualmente, como ontem, antes de ontem e mais e mais atrás –, como quem diz, muito feliz por, pela omissão de quem deve ocupar-se das questões de urbanidade, merecer tanta distinção e, sem que se faça nada por ela,  poder fazer parte de nós, da Baixa.

 

 

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