Largo da Freiria,
Sexta-feira, 10h30, 20 graus celsius, Sol a espreguiçar-se e, num fico não
fico, a vacilar se vai continuar a brilhar durante o dia ou, para castigar
certos humanos filhos de mãe, vai dar lugar a uma chuva tola e indesejável.
Aqui neste encantador recanto
histórico tudo se mantém igual, a não ser os gatos que habitam um prédio
abandonado há cerca de uma dezena de anos e são protegidos por uma reconhecida associação.
Ainda há pouco foram esterilizados –para evitar a procriação. Então não é que,
fosse por isso ou não, a gataria anda com o cio nesta altura? Sempre tivemos o
mês de Janeiro como o período natural para a reprodução. Esta noite, entre as
4h30 e 05h30, foi um festival orgiático. Os gemidos das “meninas”, “méeeeeeeeeeeeeeee”, não deixaram dormir ninguém. Às tantas,
sei lá, com tantos carinhos no pelo reluzente, estão a ficar com o DNA
transformado.
Claro que o que me leva a
escrever nem o incómodo por não deixarem dormir ninguém. Ora essa, primeiro
estão os animais! O que me preocupa é o elevado esforço do gato macho. E se ele
morria em pleno acto sexual, por causa de tanto esforço físico? Não é por nada, mas, nestas alturas
de cobrição, acho que estes animais
deveriam ser acompanhados, durante a noite, por um veterinário e um técnico da referida
associação. Este abandono deixa-me apreensivo.
Para não variar e provar que vale mais um
costume arreigado que uma ordenação social disciplinada, e que o lixo pode e
deve fazer parte da paisagem urbana, esta pequena praceta apresenta-se hoje,
mais uma vez e como habitualmente, como ontem,
antes de ontem e mais e mais
atrás –, como quem diz, muito feliz por, pela omissão de quem deve
ocupar-se das questões de urbanidade, merecer tanta distinção e, sem que se
faça nada por ela, poder fazer parte de nós, da Baixa.
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