Passava pouco mais de quinze minutos das 21h00
no Recordatório da Rainha Santa Isabel quando José Simão, convidado pela
organização para presidir à sessão, ocupou o lugar de anfitrião. O presidente da
União das Freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas, com a sua voz rouca e
castiça, cumprimentou os “tertulianos”
e congratulou-se pela vinda dos cerca de trinta presentes que responderam
afirmativamente ao convite do “Ciclo de
tertúlias” imaginado por Hélder Rodrigues e Isabel Garcia. “Oxalá estes encontros tragam benefícios para
Coimbra, para todo o mundo e conforme o tema da tertúlia”, enfatizou o
também ex-jornalista.
Depois de Simão, falou Isabel Garcia,
empresária, gerente da editora Minerva e declarada mulher de causas ligada há muitos
anos à Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Como
introdução, disse: “como é que nasceu
esta ideia? Foi entre mim e o Hélder. Pretendemos com esta iniciativa e outras
que se seguirão um olhar para dentro, de Coimbra, e outro para fora, para o
mundo.”
O tema para discussão era “Coimbra e o Mundo – Perspectivas em debate”.
Foram convidados quatro oradores, sobejamente conhecidos e “apaixonados por Coimbra e a sua região”,
respectivamente: Américo Santos, juiz jubilado e presidente da Assembleia Geral
do Clube de Comunicação de Coimbra (CCC) e membro da Associação dos Antigos
Estudantes de Coimbra, Armando Braga da Cruz, ex-locutor da RDP e presidente da
direcção do CCC, Francisco Andrade, ex-atleta e treinador da Académica na
década de 1960, ex-presidente da Junta de Freguesia de Olivais e
vice-presidente do CCC, e Arnaldo Baptista, emérito empresário de Coimbra, pelo
fulgor com que se entrega ao desenvolvimento em prol da cidade, foi nas
pastelarias Vasco da Gama que tudo germinou e agora a braços com o projecto “Praxis”, a nova cerveja de Coimbra.
Seguiu-se Hélder Rodrigues, engenheiro
aposentado e colaborador do Diário as Beiras. Começou por agradecer a presença
de todos e esclareceu que, com este evento,
“se pretende um encontro tranquilo. Pretende-se formas de ajuda, nem que seja
só um bocadinho, para que Coimbra melhore”.
OS ORADORES DESAFIADOS
A FALAREM DA SUA EXPERIÊNCIA
Do grupo de quatro oradores presentes, o
primeiro foi Américo Santos. Explanou sobre a Associação dos Antigos Estudantes
de Coimbra (AAEC). Iniciou a apresentação dizendo que “Coimbra, como cidade, tem mais habitantes que Aveiro. Temos muito a
mania de dizer mal de nós. Temos dois Panteões Nacionais em Portugal. Um está
em Coimbra, só que neste não se gasta um tostão.
Quando Guterres era primeiro-ministro (1995-2000) a determinada altura disse que isto era um pântano e foi embora. Nessa altura, chegou a estar cabimentada uma verba para a remodelação da Estação de Coimbra B. Alguém, com poder na cidade, disse: “não senhor! Nós queremos um metro”. Então, como se adivinha, nem tivemos uma coisa nem outra!
Quando Guterres era primeiro-ministro (1995-2000) a determinada altura disse que isto era um pântano e foi embora. Nessa altura, chegou a estar cabimentada uma verba para a remodelação da Estação de Coimbra B. Alguém, com poder na cidade, disse: “não senhor! Nós queremos um metro”. Então, como se adivinha, nem tivemos uma coisa nem outra!
A AAEC propõem-se saber quantos somos. Somos 245 mil antigos estudantes.
A associação existe desde 9 de Maio de 1959. Estamos situados no Largo da
Portagem num andar que é nosso. Qualquer estudante que tivesse andado na
Universidade –mesmo que não tivesse feito uma única cadeira- pode ser
associado. O custo anual é de 24 euros.
O segundo arguente foi Arnaldo Baptista. Com
grande simplicidade, começou por afirmar que “um empresário tem de ser sério e criativo. Sou um apaixonado por
Coimbra. Quando viajo o negócio está sempre em primeiro lugar. Coimbra está
doente. A ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, (em decreto
de insolvência), e o Clube de Empresários
de Coimbra refletem a patologia de Coimbra.
Represento 180 postos de trabalho. A “Praxis”, a nova cerveja
artesanal, é apenas a filhota mais nova da empresa. Uma vez encerrada a Fábrica
de Cerveja de Coimbra (Topázio) prometi
a mim mesmo que iria devolver a cerveja à cidade. Não foi fácil. Há um deserto
de ideias. Há um deserto empresarial. Tenho uma Unidade de produção em Taveiro,
ao melhor da Europa. Esteve quase 8 anos para ser licenciada. Qualquer
projecto, por muito inovador que seja e com as novas tecnologias, corre o risco
de num ano estar obsoleto. Estas faltas de sensibilidade levam a que as coisas
não avancem. A “Praxis”, para estar neste ponto, teve de contar com uma enorme
paixão, uma enorme teimosia.
Temos um novo produto a Cito-Cidra. É um produto novo que só existe em
Coimbra. É resultado de uma tese de mestrado. A matéria-prima é a laranja e a
maçã -50/50 de cada fruto nesta combinação.
Pena foi que a Direcção Geral de Economia tenha ido para Aveiro, isto
diz bem a inércia do poder local.
(No tempo de Carlos Encarnação) O projecto Crioestaminal foi para Cantanhede
porque esteve na Câmara Municipal de Coimbra um ano e meio para se dar uma
simples resposta. Jorge Catarino, na altura o presidente da Câmara de
Cantanhede, em dois dias resolveu o assunto.
O terceiro foi Armando Braga da Cruz. “Coimbra era o centro da rádio” começou
por dissertar. “Toda a rádio nacional
passava por Coimbra. Lisboa acabou com a “tarde desportiva”, produzida pelos
estúdios da cidade, porque fazia concorrência à Antena 1. Hoje perdemos os
emissores todos. Até perdemos a transmissão da Serenata Monumental para o
Internacional. Durante 17 anos tivemos sempre a transmissão da serenata para o
Internacional. Hoje é a Rádio Universidade que faz a transmissão para Coimbra.
Elegemos pessoas (deputados)
para defender Coimbra que nunca vimos por cá. Por exemplo, Zita Seabra de onde
é?
Carlos Candal (de Aveiro e já falecido) disse um dia que Coimbra é o
bidé do Mondego. O fado de Coimbra (na rádio) não aparece em lado nenhum. Somos uma ilhota artilhada. A comunicação
social é extremamente importante. A RDP não está interessada em voltar atrás.
As pessoas deviam ser condenadas pelos negócios que fizeram à custa da RDP.”
E o quarto e último palestrante foi Francisco
Andrade. Começou por falar da Académica de Coimbra que já foi, quando atingiu o
pico de notoriedade, na década de 1960. “Quer
na direcção, quer na equipa, porque tinha de ser assim, eram todos estudantes.
Há a crise de 1962, há a emancipação da mulher. (Enquanto atletas) Todos tínhamos vindo para Coimbra para
ganhar para nos formarmos. Nessa altura, todo o indivíduo que chegasse a
Coimbra era da Académica. Havia na Praça da República um determinado café
ligado à extrema-esquerda. Nós sobrevivemos! Foi através disto, do futebol, que
elevámos Coimbra e para o país.”
(ARTIGO EM CONTINUAÇÃO)
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