(Imagem da Web)
Meu caro e provável amigo –qualquer dia, não
sei quando- “Manel”. Escrevo-te esta
carta para te dizer que estou surpreendido contigo. Se não fosse por outra
razão, quase diria que a tua mudança comportamental se deveria por obra e graça
dos 500 anos de beatificação da Rainha Santa Isabel. Mas estou em querer que
nem a padroeira da cidade tem suficiente poder inumano para te fazer mudar. Cá
para mim, com muita convicção, a origem do milagre está na imediação de Nossa
Senhora de Eleições que, num andor ombreado pelos do costume e a passo rápido,
se aproxima da cidade.
Aiopá!?!, com tanta energia, até
fico doido contigo. Até me pareces o meu vizinho Fulgêncio quando toma Viagra.
O prédio treme todo, e desconfio que ele até nas paredes se confessa.
São as obras do Terreiro da Erva;
é a conclusão do Palácio de Congressos; é a anunciada (re)abertura da Via
Central –a propósito, desculpa lá mas não concordo com este baptismo. O nome
deveria ser, por direito, Avenida Doutor Manuel Machado. Muda lá isso, carago!
Continuando, como diria um nosso amigo comum, “Coimbra está a sofrer uma revolução!”
O que me levou a escrever esta missiva, caro
colega, foi ter lido, hoje, na imprensa diária cá do bairro que vais apoiar a
Feira Popular com quase vinte mil euros. Aiopá!! –outra vez. No ano passado,
quase andaste ao murro verbal com o nosso amigo comum José Simão por lhe atribuíres metade da verba consignada este ano. Vejo que já fizeram as pazes e o namoro
ainda pode dar em casamento. Gostei da tua decisão, pá!
Saíste-me cá um melro! Sabe-la toda, camarada!
Por este andar, já vi que tenho de te gramar
para o próximo mandato outra vez. Porra, isto é que é uma sina?!? Aliás, até
digo mais: tudo indica que vai ser um limpar nádegas aos meninos.
Não sei como é que consegues
colocar a oposição toda a trabalhar para ti.
Da CDU, com o nosso amigo Queirós
na régua da abstenção, não se espera antagonismo de maior.
Dos Cidadãos por Coimbra, com
esta coisa de, tentando remar contra a maré, estarem a colocar o pau na roda –como
quem diz uma tábua de pregos- na construção da Via Central, assim como uma
espécie de tiro no pé, também estamos conversados.
Do PSD, que ainda está a recuperar
do trambolhão governamental e, numa espécie de catarse, tenta encontrar-se no
Congresso Nacional, também não te virá mal nenhum –quanto muito, uns cobrantos e maldições diversas, que podes curar na tenda dos milagres. Aliás,
este anúncio de substituírem o nosso colega João Paulo (segundo, depois de
Encarnação) Barbosa de Melo, homem sério e experiente, por outro ou outra também
professora universitária, dá para ver que, para além de não saberem para onde
querem ir, andam à procura de milagres. Resumindo, estás como queres, pá! Podes
cofiar a pera com displicência. Podes também continuar, à vontade, sentado no
teu trono a contemplar a cidade como há dois milénios o Imperador olhava para
Roma, no tempo de Jesus Cristo. Se bem que, se calhar, como o tempo de eleições
se aproxima, talvez não fosse pior começares a dar umas voltinhas pela Baixa.
Não sei se me entendes, assim naquela coisa, entras numa loja e cumprimentas o
dono e, se puderes, compra um par de meias. Se por acaso o gerente não te
conhecer e, sei lá, até manifestar alguma hostilidade, podes dizer que és amigo
do Luís Fernandes que, passando a imodéstia, dá-te salvo-conduto e coloca-te a bom
resguardo de qualquer agravo menos próprio.
Por hoje é só, mas vou continuar vigilante e a
ver como te portas, camarada. Não há cheques em branco p’ra ninguém, aviso já!
Recebe um abraço daqueles, assim tipo de “olhar no burro e outro no cigano”
–desculpa lá a metáfora mas continuas sem ganhar a minha confiança política.
Para conseguires, para além de estares muito longe, terás de trabalhar muito mais.
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"Arre... pedra, pá!"
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