sábado, 2 de abril de 2016

CARTA AO MEU COLEGA

(Imagem da Web)




Meu caro e provável amigo –qualquer dia, não sei quando- “Manel”. Escrevo-te esta carta para te dizer que estou surpreendido contigo. Se não fosse por outra razão, quase diria que a tua mudança comportamental se deveria por obra e graça dos 500 anos de beatificação da Rainha Santa Isabel. Mas estou em querer que nem a padroeira da cidade tem suficiente poder inumano para te fazer mudar. Cá para mim, com muita convicção, a origem do milagre está na imediação de Nossa Senhora de Eleições que, num andor ombreado pelos do costume e a passo rápido, se aproxima da cidade.
Aiopá!?!, com tanta energia, até fico doido contigo. Até me pareces o meu vizinho Fulgêncio quando toma Viagra. O prédio treme todo, e desconfio que ele até nas paredes se confessa.
São as obras do Terreiro da Erva; é a conclusão do Palácio de Congressos; é a anunciada (re)abertura da Via Central –a propósito, desculpa lá mas não concordo com este baptismo. O nome deveria ser, por direito, Avenida Doutor Manuel Machado. Muda lá isso, carago!
Continuando, como diria um nosso amigo comum, “Coimbra está a sofrer uma revolução!”
O que me levou a escrever esta missiva, caro colega, foi ter lido, hoje, na imprensa diária cá do bairro que vais apoiar a Feira Popular com quase vinte mil euros. Aiopá!! –outra vez. No ano passado, quase andaste ao murro verbal com o nosso amigo comum José Simão por lhe atribuíres metade da verba consignada este ano. Vejo que já fizeram as pazes e o namoro ainda pode dar em casamento. Gostei da tua decisão, pá!
Saíste-me cá um melro! Sabe-la toda, camarada! Por este andar, já vi que tenho de te gramar para o próximo mandato outra vez. Porra, isto é que é uma sina?!? Aliás, até digo mais: tudo indica que vai ser um limpar nádegas aos meninos.
Não sei como é que consegues colocar a oposição toda a trabalhar para ti.
Da CDU, com o nosso amigo Queirós na régua da abstenção, não se espera antagonismo de maior.
Dos Cidadãos por Coimbra, com esta coisa de, tentando remar contra a maré, estarem a colocar o pau na roda –como quem diz uma tábua de pregos- na construção da Via Central, assim como uma espécie de tiro no pé, também estamos conversados.
Do PSD, que ainda está a recuperar do trambolhão governamental e, numa espécie de catarse, tenta encontrar-se no Congresso Nacional, também não te virá mal nenhum –quanto muito, uns cobrantos e maldições diversas, que podes curar na tenda dos milagres. Aliás, este anúncio de substituírem o nosso colega João Paulo (segundo, depois de Encarnação) Barbosa de Melo, homem sério e experiente, por outro ou outra também professora universitária, dá para ver que, para além de não saberem para onde querem ir, andam à procura de milagres. Resumindo, estás como queres, pá! Podes cofiar a pera com displicência. Podes também continuar, à vontade, sentado no teu trono a contemplar a cidade como há dois milénios o Imperador olhava para Roma, no tempo de Jesus Cristo. Se bem que, se calhar, como o tempo de eleições se aproxima, talvez não fosse pior começares a dar umas voltinhas pela Baixa. Não sei se me entendes, assim naquela coisa, entras numa loja e cumprimentas o dono e, se puderes, compra um par de meias. Se por acaso o gerente não te conhecer e, sei lá, até manifestar alguma hostilidade, podes dizer que és amigo do Luís Fernandes que, passando a imodéstia, dá-te salvo-conduto e coloca-te a bom resguardo de qualquer agravo menos próprio.
Por hoje é só, mas vou continuar vigilante e a ver como te portas, camarada. Não há cheques em branco p’ra ninguém, aviso já!
Recebe um abraço daqueles, assim tipo de “olhar no burro e outro no cigano” –desculpa lá a metáfora mas continuas sem ganhar a minha confiança política. Para conseguires, para além de estares muito longe, terás de trabalhar muito mais.


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"Arre... pedra, pá!"

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