sexta-feira, 22 de abril de 2016

A BAIXA VISTA DA MINHA JANELA



POR MÁRCIO RAMOS


Bem, em relação ao assalto ao talho, não podemos dizer que os ladrões ficaram ou vão ficar com fome: levaram abastecimento para um bom tempo. Mas passemos a coisas mais sérias.
Depois de repetidos assaltos, se fosse comigo, à segunda ou terceira vez colocava um alarme e câmaras, ou um sistema de segurança com vigilância ligado a uma central de alarmes/polícia, como hoje em dia acontece. Enquanto entram e não entram já a esquadra foi informada e são apanhados em flagrante.
Entendo que os donos do estabelecimento de carnes possam não ter orçamento para a segurança, mas levanto varias questões.
Há vários anos, por volta de 2007/8/9, houve uma onda de assaltos na Baixa. Todos os dias, no mínimo, uma loja era assaltada. Às vezes eram duas numa noite. Devido a tanto crime algumas fecharam. A câmara Municipal decidiu agir com pompa e circunstância e anunciou um sistema de vigilância na zona problemática. Os crimes diminuíram, mas hoje em dia não sabemos que é feito desse sistema. Está activo? Não está? Se funciona, porque não foi detectado este roubo a tempo?
Temos em Coimbra a Polícia Municipal. Esta força só serve para passar multas? Não deveria este corpo municipal contribuir para segurança dos munícipes? Não poderiam agentes aos pares fazerem uma ronda pela Baixa à noite?
Temos a Polícia de Segurança Pública, PSP. Esta polícia tem falta de meios e efetivos humanos, diz-se. Mas durante o dia um agente faz a ronda numa moto 4. Antigamente esta vigília era feita a pé, geralmente em pares. Se durante o dia esta força se faz notar, dando-nos a sensação de segurança -mesmo em algumas ruas quase desertas-, de noite passa-se oposto, porque é raro ver agentes a patrulharem a Baixa. Costuma passar uma ronda perto das 23h00 nas ruas largas, mas fora isso, pela noite dentro, é raro ver agentes policiais.
Na escuridão das ruas, quando todos dormem, não me sinto seguro, mesmo com videovigilância. Especulando, não sei se numa esquina não estará um perigo à espreita. Se for assaltado em plena via –longe vá o agoiro-, não saberei se virá ajuda mesmo com uma câmara presumivelmente a observar-me. Posso estar a esvair-me em sangue, saberei lá se virá algum agente auxiliar-me? Nem imagino, pois não sei se de trás do visor de controle de vídeo estará alguém, que possa fazer deslocar meios de socorro.
Há ainda outro problema, há muito apontado na Baixa: a falta de iluminação pública. Não é que não tenha luz. Tem. O problema coloca-se quando há candeeiros imensamente sujos, ao ponto de a luminosidade não ser distribuída decentemente, com a potência das lâmpadas a serem insuficientes, o que leva a uma deficiente iluminação. Consequentemente, a sensação de falta de insegurança, para além de ser material, é também psicológica.
Quando eu era mais jovem –agora tenho 35 anos-, havia em Coimbra, a vigiar a noite, guardas-nocturnos. Na altura, não andavam armados e faziam vários percursos. Pergunto: porque não voltar outra vez aos simpáticos guardas? Até mesmo para a Alta seriam bem empregues. Deveriam andar armados pois o tempo de hoje não é o mesmo de há 20 anos. Uma boa dezena destes agentes civis na zona histórica iria contribuir para a segurança e ser dissuasora de assaltos e crimes contra o património como grafites.


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