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Realização videográfica de Márcio Ramos
Fotos do evento podem ser vistas aqui (clique em cima)
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Pouco passava das vinte horas de ontem,
quarta-feira, quando os primeiros amigos começaram a chegar ao restaurante Paço
do Conde. A longa mesa em L estava colocada e pronta a receber os apontados
trinta inscritos mas que por falta de dois seriam 28, no total.
O Alfredo, o carismático dono da
conhecida casa hoteleira da Baixa, com um toque nas costas e uma palavra de
apreço dava as boas-vindas aos que sucessivamente iam chegando. Enquanto o
pessoal se atirava à broa e azeitonas, deram-se por iniciados os trabalhos. Como
sou o mais tolo, e, passando a imodéstia, sou polivalente e até tenho jeito
para tudo, incluindo para bobo da corte
se necessário for, calhou-me em sorte (sem sorteio) ser o apresentador da
festividade.
Comecei por agradecer a todos os presentes a
sua vinda em tributo e homenagem ao Paulo Simões, um colega comerciante que,
patinando nos trilhos da vida comercial, foi ao chão e ficou em sérias
dificuldades para conseguir soerguer-se. Em seguida, ressalvei que esta
iniciativa de um pequeno grupo de comerciantes, eu, o Armindo Gaspar, o Arménio
Pratas e o Francisco Veiga –nestas coisas somos sempre os mesmos e uma espécie
guarda-avançada- não tinha qualquer intenção político-partidária. Tal como noutras
do género, estávamos nesta empreitada
pelo respeito de um colega e em prol da cidadania. Esclareci que a haver
política, isso sim, visava a polis, a
cidade, e a sua almejada felicidade e boa convivência entre os seus citadinos.
No entanto, sublinhei que estávamos a tentar envolver alguns deputados eleitos pelo
círculo de Coimbra, respectivamente, José Manuel Pureza (BE), Helena Freitas
(PS) e Pedro Coimbra (PS) para, no Parlamento, tentarem alterar a injustiça que
está acontecer no país – que é haver lei regulamentada e não aplicada para
valer aos empresários caídos em desgraça.
Perante todos os convivas, foram
lidas as comunicações recebidas dos três deputados, José Pureza, Helena Freitas
e Pedro Coimbra, e as suas promessas de envolvimento nesta questão fulcral e
repor a equidade num processo de notória discriminação entre cidadãos.
Porque as gostosas espetadas já servidas nos
pratos pediam para ser degustadas, sem respeito pelo animador à pressão,
começou a ouvir-se uns imperativos “cala-te
e come!”. E eu, como sou bem-mandado, às vezes, enfiei a viola no saco, calei-me
e, sobre os auspícios superiores de Santo Onofre, protector dos comerciantes –que,
em reclamação para o divino, afirmo que se deixou dormir pela segurança do
Paulo Simões- atiramo-nos, sem dó nem piedade, aos bons nacos de carne.
Quando as barriguinhas já se encontravam
compostas, outra vez, tratei de massacrar os convivas com o esclarecimento da prestação
de contas. Ou seja, com as verbas conseguidas até aquele momento e a favor do
nosso colega. No fim do repasto anunciar-se ia o total.
O PAULO FOI USADO?
Lançado por dois colegas presentes na mesa, e
em acesa discussão, foi sublinhado que o Paulo Simões foi demasiado exposto em
todo este processo. Com apelos à serenidade, foi dito que todos teriam o seu
tempo para declararem o que pensavam sobre o assunto. Com alguma calma os
ânimos serenaram. Foi explicado que tudo o que escrevi –porque o “abusador” sou eu- foi sempre com
autorização expressa do homenageado –mais tarde o Simões haveria de corroborar
e, de certo modo, acalmar os ânimos mais irrequietos.
E, como não estava presente nem um político cá
da aldeia para fazer discurso, foi dada a palavra ao Arménio Pratas, co-organizador
desta angariação de fundos e também representante local da CPPME, Confederação
Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas. E o Pratas, por entre
palavras, explicou bem a trafulhice
que o anterior governo do PSD/CDS engendrou com o Decreto-lei 12/2013, de 25 de
Janeiro para, à custa dos pobres comerciantes, aumentando a TSU, Taxa Social
Única, lhes espoliar cerca de 600 milhões de euros para a Segurança Social e no
fim lhes fazer um manguito, isto é, não cumprindo o prometido.
A seguir à predica do Arménio foi
dada voz à assembleia. Para felicidade de todos, aparentemente, a belicosidade
tinha desaparecido como nevoeiro em manhã de Agosto e já se sentia uma paz
desejada por todos.
E QUEM DÁ MAIS?
Um nosso amigo, benemérito, o Carlos Pinto dos
Santos, conhecido entre nós como Toni, e escritor, ofereceu 12 livros da sua autoria
“Por portas Travessas –os miúdos e a
cidade”, para serem leiloados no jantar e com a receita a reverter para o
Paulo. Foi fantástico ver as pessoas a “guerrearem-se”
para subir a parada. Igualmente o Alfredo, o dono do típico restaurante, num
gesto amável, ofereceu também três garrafas de brandy da década de 1970. E fez
mais: no final, quando alguém perguntou onde estava o Bolo-rei, o popular
hoteleiro não foi de modas: telefonou para uma pastelaria do seu conhecimento e
por volta das 23h00 estávamos todos a comer um delicioso bolo-rei oferecido pelo
dono da casa. Espectacular! Foi muito interessante reconhecer que as pessoas,
em face de uma necessidade premente, transcendem-se.
MAS, AFINAL, QUANTO
RENDEU?
Juntando as ofertas, o pequeno leilão e a diferença
entre o custo do jantar que se pagou ao restaurante e o remanescente para o
Paulo, tudo junto, rendeu cerca de 1,150,00 euros. É ou não bonito sentir que
se conseguiu um pequeno pecúlio para este nosso colega poder passar um Natal melhor na companhia dos seus filhos?
UM FENÓMENO
INTERESSANTE
Os dois diários locais, o Diário as Beiras,
sob a afinada pena do António Alves, e o Diário de Coimbra, sob a esmerada escrita do
António Rodrigues, fizeram duas boas peças sobre esta iniquidade. Muito
obrigado a estes dois reconhecidos jornalistas que tiveram a sensibilidade de
conseguirem transmitir aos leitores o que lhes ia na alma. Em resultado disso,
as dádivas dirigidas ao Paulo Simões, ainda hoje, continuam a cair no nosso
regaço.
“SEXTA ÀS 9” CÁ ESTAMOS
Recebi hoje o contacto do jornalista João
Ricardo de Vasconcelos, do programa “Sexta
às 9”, da RTP, a comunicar que nos primeiros dias de Janeiro vai gravar uma
reportagem sobre o drama deste Paulo e de outros no país inteiro. Segundo a
intenção do jornalista são necessários três depoimentos de pessoas que tivessem
passado pelas dificuldades do Paulo Simões. Apesar de já ter contactado com
alguns, não está ser fácil. Se porventura, você leitor, é um dos que passou por
este martírio e quiser colaborar, por favor, contacte-me. Se não quiser
aparecer, a voz pode ser distorcida e a imagem será visível em câmara escura.
Bem-haja a todos. Feliz Natal!
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