segunda-feira, 27 de junho de 2022

MEALHADA: HOJE HOUVE REUNIÃO DE CÂMARA

 

(imagem do jornal online Bairrada Informação)



Dando a entender que se tinha esquecido, lançou o caso do dia:

os proprietários dos terrenos que não foram adquiridos

(para a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada construir uma valência destinada a doenças mentais) pediram-me

para ser testemunha. Penso que não há lei que me obrigue a

não ser testemunha” (por incompatibilidade de funções).”


Tinham acabado de bater as nove badaladas na igreja da paróquia. Estava a cidade a abrir-se ao público quando António Franco, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, cumprimentando os vereadores presentes, deu por iniciados os trabalhos de abertura da reunião de Câmara.

No designado Período Antes da Ordem do Dia, tomou a palavra Rui Marqueiro, ex-presidente e actual líder da oposição, ajustou a mira da sua espingarda verbal e atirou: “as obras da Garagem do Palace, qual o ponto da situação?

Respondeu Franco: “é uma obra muito complicada. Há muitas dificuldades de execução” - aliás a palavra “complicada” seria repetida várias vezes ao longo de três horas.

Recarrega Marqueiro: “ouvi dizer que o atraso é do engenheiro Filipe” (funcionário da autarquia).

O “Mayor” passou a defesa ao funcionário visado, que juntamente com outra colega engenheira foram chamados para rebater as acusações. Laconicamente, disse o visado que o atraso era do empreiteiro.

Coadjuvou Franco: “sobre novo concurso, não há empresas a concorrer. Há muita especulação. É um dilema. Não é só a Câmara Municipal”(que sofre).

Volta à carga Marqueiro: “senhor engenheiro Filipe, pode mostrar-me amanhã o projecto do Lusoclássicos?


Na parede do fundo, por detrás do “alcaide”, Marcelo Rebelo de Sousa, na fotografia institucional, pareceu arranhar na cabeça de perplexidade pelo facto deste ponto estar agendado na ordem seguinte pela bancada socialista e ser agora chamado à colação.


E pediu a palavra Filomena Pinheiro, vice-presidente da edilidade: “gostava de parabenizar o Hotel Alegro Bussaco (no Luso) por ter sido contemplado pelo uso de boas práticas ambientais pelo 5º ano consecutivo”.

Marqueiro, profundamente irónico ao longo do debate, esteve sempre a interromper quem usava da palavra com apartes. Dando a entender que se tinha esquecido, lançou o caso do dia: “os proprietários dos terrenos que não foram adquiridos (para a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada construir uma valência destinada a doenças mentais) pediram-me para ser testemunha. Penso que não há lei que me obrigue a não ser testemunha” (por incompatibilidade de funções).


A estatueta presente no Salão Nobre em representação da República virou e revirou os olhos várias vezes.

E interveio Luís Tovim, vereador eleito pelo PS: “houve quatro associações que não participaram na Feira de Gastronomia por falta de condições. Pouco espaço para trabalhar e para instalar mesas e cadeiras e poucas condições para trabalhar”.

Hugo Silva, corresponsável pelo certame, arrematou: “houve condições para os instalados trabalharem. As faltas deveram-se a não haver pessoal para trabalhar nas barraquinhas. O espaço disponibilizado a cada colectividade foi de 27 m2.

Gil Ferreira, vereador da maioria, enfatizou: “fomos eleitos para fazer diferente. O Festame era um festival de música. Aceito que o senhor vereador Tovim sinta nostalgia. Aparentemente era gratuito. Mas não era. Era pago por todos nós. Todos sabem quanto custava. Quisemos fazer diferente. É uma opção diferente. É difícil gerar unanimidade”.

Interrompeu Marqueiro: “quanto custou a Feira de Gastronomia?

Respondeu Gil Ferreira: “cerca de 100 mil euros...

Ataca Marqueiro pelos flancos: “posso afirmar que foi muito mais...

No seguimento da discussão, comenta o ex-homem forte dos Passos do Concelho: “os senhores têm 8 Milhões em caixa...

Para canto, corta Franco: “não temos! A verba está comprometida com obras em curso...

Tartamudeou Marqueiro: “(…) Eu começo a ficar farto de mentiras.

E prosseguiu: “(…) Eu quero dizer ao senhor vereador Gil Ferreira que não faço terrorismo político.”


E ENTROU-SE NO PERÍODO DO DIA


E sem trazer quase nada de novo, ou seja, que já não fosse conhecido, foram debatidos os cinco pontos agendados pela bancada socialista.

Retirando uma outra acusação de Marqueiro a Franco, nomeadamente de “assédio moral” por o homem do leme ter trocado dois funcionários de serviço. Atirou ainda, mais do que uma vez, que “o senhor não percebe nada de finanças”.

A não ser no ponto 4 - Projeto do espaço museológico Lusoclássicos e recuperação de Lavadouros – Arquiteto Diogo (Agendamento solicitado pelo Senhores Vereadores eleitos pelo Partido Socialista) - quando Marqueiro, implicitamente, deixou no ar a suspeita de o actual presidente ter beneficiado a Lusoclássicos, uma vez que o arquitecto Diogo é o seu dirigente e foi candidato (à Assembleia de Freguesia de Luso) pelo Movimento Mais e Melhor. Sublinhou várias vezes o “amiguismo” existente entre os visados.

Sobre este caso respondeu o presidente Franco: “(…) O arquitecto Diogo já tinha o levantamento feito. Ficou muito mais barato. Este projecto já vem do seu tempo. Havia uma necessidade de recuperar aquele património”.

Na volta arremessou Marqueiro: “nada me move contra a Lusoclássicos ou o arqutecto Diogo. (…) Este processo parece-me tudo menos transparente”.

E numa acesa troca de análise à amizade, entre os dois para ver quem tinha mais amigos, Marqueiro deixou cair: “eu não sou amigo de ninguém”.

Dando por encerrado o “bate-papo” pouco edificante, aflorou Franco: “vamos avançar porque estamos a lavar roupa suja.”


Nota de roda-pé: devido ao facto da reunião se ter prolongado para além do meio-dia não me foi possível assistir à totalidade da cerimónia pública.

1 comentário:

Anónimo disse...

A reunião ainda se encontra no YouTube para visualização. Mais uma vez, uma excelente crónica. Aguardando ansiosamente pelo restante da mesma!