domingo, 13 de junho de 2021

MEALHADA: O QUE FAZ FALTA PARA ANIMAR A MALTA? (6)

 

(imagem retirada, com a devida vénia, da página da Junta de Freguesia de Luso)




Nesta altura de pré-eleições autárquicas, em que os partidos e movimentos concorrentes à Câmara Municipal de Mealhada procuram novas ideias para apresentarem aos seus eleitores, penso que faz sentido, na linha da cidadania activa, pensarmos, individualmente mas destinado ao colectivo, o que, de facto, nos faz falta e é preciso implementar no futuro.

Não tenhamos medo de cair no ridículo. Não tenhamos receio de pedir o impossível. Afinal, na nossa condição de munícipe e eleitor, o nosso papel na sociedade é apontar defeitos ou omissões e apresentar soluções. Se é exequível? Bom, isso já não nos cabe avaliar. Quem governar a autarquia nos próximos quatro anos, se estiver disposto a correr riscos, experimentará e retirará dessa experiência uma ilação.

Esta minha publicação, a qual outras se seguirão, vão nessa direcção. A minha intenção, para além de apresentar propostas, é também despoletar em si, leitor, a possibilidade de pensar. Afinal, esta é a nossa terra, que será o resultado daquilo que nós defendermos e estivermos prontos a dar por ela; o nosso Concelho, aquela junção de lugares que juntos formam uma espécie de arquipélago de pontos habitados com a sua identidade muito sua e personalizada que os diferencia dos demais.


OS REFRIGERANTES BUSSACO


Apesar de ser natural do Concelho de Mealhada mas estando fora, durante muitas décadas, mas mesmo muitas, acreditei que os Refrigerantes Bussaco estavam desactivados e tinham desaparecido do mercado.

Foi há poucos anos que tomei contacto com a feliz realidade: a centenária fábrica, situada junto à estação de caminhos de ferro de Luso, está viva, pujante de saúde económica, e recomenda-se.

A título de saudade, relembro, nos idos anos de 1960, de ter provado pela primeira vez a incomparável laranjada Bussaco. Se não estiver errado, foi num bar que existia na estação ferroviária de Luso. Esta bebida, muito fresca, com pequenos picos ligeiramente ácidos, nunca mais a esquecendo, dei por mim a gravar na memória o seu sabor único.

Era um tempo em que a laranjada e a gasosa, a seguir ao vinho, eram as bebidas mais solicitadas nas tabernas populares. Engraçado pensarmos nessa quebra de liderança no consumo doméstico, por um lado, o universo dos refrigerantes foi invadido por variadas marcas, como exemplo, a Laranjina C (já desaparecida), a Sumol, a Compal, a Trinaranjus e a Fanta, por outro, o seu maior inimigo foi o aumento da ingestão de café em chávena, que, afastando outros bens líderes na altura, veio a tomar conta dos nossos hábitos diários. Tudo isto, incluindo o despoletar do consumo de água lisa engarrafada, e também o combate cerrado aos produtos açucarados, a meu ver, factualmente veio a contribuir para que a laranjada e outros produtos desta célebre marca fossem caindo no esquecimento.

Vieram outros títulos neste mercado tão competitivo e os sumos de frutas e outros produtos, numa concorrência desenfreada, acabaram por sepultar imensos projectos. Não exagero se afirmar que durante meio-século não provei mais um refrigerante da marca Bussaco.

Nos últimos anos fui acompanhando as notícias desta grande empresa familiar. Nomeadamente com uma entrevista do actual proprietário, na terceira geração em linha directa do fundador, João Carvalho, ao Jornal da Mealhada, no ano passado, creio.

Foi com gosto que constatei agora a homenagem merecida e mais que legítima que a Junta de Freguesia de Luso concedeu à Sociedade de Refrigerantes Buçaco, L.da, pelo seu centenário em actividade industrial e comercial.


APOIAR A CERTIFICAÇÃO DOS REFRIGERANTES BUSSACO


Não faço a mínima ideia se o actual proprietário dos Refrigerantes Bussaco, João Carvalho, pensou e pretende, ou não, certificar a marca, mas se assim for a Câmara Municipal de Mealhada deveria apoiar e até incentivar.

Como se sabe o leitão, enquanto produto de grande qualidade regional que visa a certificação, está em processo de reconhecimento. O pedido de certidão foi elaborado já este ano e há cerca de dois meses.

Para além disso, a Bairrada no seu conjunto de área especial, possui bons vinhos, branco e tinto, e o seu famoso espumante com raízes em finais do século XIX – relembro que as Caves Messias foram fundadas em 1926 e, portanto, dentro de cinco anos estará a comemorar o seu centenário.

Assim como com o “fofinho” pão da Mealhada deveriam ser encetadas diligências para o seu reconhecimento de valor europeu – recordo que, há cerca de um ano, Oliveira de Azeméis pediu a certificação do seu pão.

Quantos mais produtos endógenos e marcas forem certificadas mais engrandecem e enriquecem o Concelho e a região de que fazem parte e onde estão inseridos.

Valerá a pena pensar nisto?

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