sexta-feira, 11 de junho de 2021

MEALHADA: O QUE FAZ FALTA PARA ANIMAR A MALTA? (5)

 




Nesta altura de pré-eleições autárquicas, em que os partidos e movimentos concorrentes à Câmara Municipal de Mealhada procuram novas ideias para apresentarem aos seus eleitores, penso que faz sentido, na linha da cidadania activa, pensarmos, individualmente mas destinado ao colectivo, o que, de facto, nos faz falta e é preciso implementar no futuro.

Não tenhamos medo de cair no ridículo. Não tenhamos receio de pedir o impossível. Afinal, na nossa condição de munícipe e eleitor, o nosso papel na sociedade é apontar defeitos ou omissões e apresentar soluções. Se é exequível? Bom, isso já não nos cabe avaliar. Quem governar a autarquia nos próximos quatro anos, se estiver disposto a correr riscos, experimentará e retirará dessa experiência uma ilação.

Esta minha publicação, a qual outras se seguirão, vão nessa direcção. A minha intenção, para além de apresentar propostas, é também despoletar em si, leitor, a possibilidade de pensar. Afinal, esta é a nossa terra, que será o resultado daquilo que nós defendermos e estivermos prontos a dar por ela; o nosso Concelho, aquela junção de lugares que juntos formam uma espécie de arquipélago de pontos habitados com a sua identidade muito sua e personalizada que os diferencia dos demais.



UMA FEIRA DE RUA MENSAL E OUTRA ANUAL NA MEALHADA



Se há cidades que abusam da realização de certames, pondo em causa um necessário equilíbrio que deve sempre coexistir entre os estabelecimentos fixos e os ambulantes, há outras que, não ligando nada, parecem não olhar para o potencial das feiras de rua. Estas alegorias de um dia de duração não têm custo directo para os municípios.

Desempenhando a sua actividade à chuva e ao Sol, os vendedores são os artistas que, actuando gratuitamente a expensas suas, desenvolvem um trabalho em prol da cultura. Na maioria das vezes, por não lhes ser atribuído o seu real valor, são menosprezados pelos edis das câmaras municipais. Exigindo apenas respeito aos autarcas, e nada mais em troca, os comerciantes de rua tratam de toda a animação pública: fazem a festa, deitam os foguetes e apanham as canas.

Ora uma das cidade que, a meu ver, realiza poucos certames durante o ano é exactamente a Mealhada. É certo que, antes da pandemia, se tem realizado a FESTAME, feira municipal, durante cerca de uma semana, em Junho. Esta feira pluridisciplinar entre o comercial e o industrial tem sido totalmente custeada pela autarquia na ordem próxima dos 400 mil euros. Valendo o que valer, já defendi aqui que, a bem da igualdade entre munícipes, este procedimento gratuito não pode continuar a ser assim para o futuro. Quem quer festa sua-lhe a testa, diz o povo. Por outras palavras, quem quer festa tem de pagar entrada e comparticipar nos custos. Assim como os expositores. Pode tolerar-se mais dois ou três anos, enquanto o rasto de destruição do Covid for palpável e visível na vida dos operadores de compra e venda, mas não mais do que isso. Além de mais, não conheço nenhuma feira que, sendo vedada e gratuita, tenha crescido por ser desonerada.

Voltando às feiras de rua, a cidade já teve uma amostra de feira de velharias, próximo do actual mercado, e, devido à má localização, acabou por a perder.

Embora não seja fácil de, nesta altura, se conseguirem profissionais, deve ser tentada a sua volta. Deve realizar-se sempre no último domingo de cada mês – há meses que têm 5 domingos e neste dia não há certames calendarizados, o que virá beneficiar, atraindo mais expositores. É certo que no quarto domingo realiza-se em Aveiro, e esta é uma das melhores do país.

Deve juntar-se o artesanato neste mesmo dia. Seguindo o mesmo princípio, nos primeiros anos, a inscrição de vendedores de velharias e artesanato deve ser gratuita.

O local mais digno e com impacto na cidade é no Jardim em frente ao município. A ser levada esta ideia em frente, deve ser elaborado um Regulamento da Feira pensado por quem sabe. Para isso, façam o favor de, para além de copiarem outros, pedirem opinião a quem sabe.



UMA FEIRA ANTIGA ANUAL


C
omeço por dizer que em 2010 fui ao Mercado à Moda Antiga que se realiza nas ruas da cidade de Oliveira de Azeméis e fiquei completamente apanhadinho com o que vi. E o que me deslumbrou assim? Tão só uma recriação de imensas profissões em desaparecimento. Vi a performance da cigana a ler a sina; o vendedor da Banha da Cobra; a exibição de um espectáculo dos Robertos; o vendedor cigano de peças de pano para fatos; do sapateiro; do Barbeiro; o cozer pão ao vivo; os bons torresmos a dançarem em óleo a ferver no tacho de cobre e com as labaredas por baixo a crepitarem. Um assombro de representação.

Ora, sendo de excelência, esta ideia, com a devida vénia, deveria ser copiada para a Mealhada, apenas com uma alteração: em Oliveira de Azeméis tem a duração de uma semana, na Mealhada deveria ser, a título experimental, de três dias de um fim-de-semana de Julho. Os “performers”, os artistas que dão corpo aos personagens, poderiam ser os vários grupos folclóricos e a Associação de Carnaval da Mealhada.

Valerá pena pensar nisto?


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