segunda-feira, 4 de março de 2019

BAIXA: OS INDIGENTES NA BUSCA DE UM PIEDOSO DESCANSO







Após falecimento nos HUC, foi hoje a enterrar Umbelina Maria de Almeida Mano, de 59 anos. Reconhecida simplesmente pelo diminutivo “Lina”, desde criança e até há cerca de uma década que a sua curta vida foi percorrida nos arredores do Largo da Sé Velha. Desde a meninice a morar na Rua do Norte, na Alta, foi de lá que contraiu matrimónio e nasceram os seus filhos.
Nos tortuosos caminhos de escolha mútua pessoal, quis o destino que a sua vida descambasse e viesse a acabar nas catacumbas da miséria humana. Nos últimos anos companheira do infortúnio de tantos outros indigentes que povoam a Baixa da cidade, foi calcorreante diária destas ruas empedradas.
Se todos temos uma história, por uma questão de igualdade, no derradeiro acto de despedida, independentemente do seu estatuto, todos deveríamos ser sujeitos de merecer um social elogio fúnebre. Afinal, seja qual for o papel cénico, todos somos actores desta peça teatral a que todos chamamos vida.
Não foi o caso da “Lina”, que teve toda a sua família na hora das exéquias de despedida, mas na maioria destes casos estas pessoas, para além de morrerem sozinhas, sem familiares à cabeceira, são enterradas em campa rasa.
Nesta hora de sofrimento para a família, em minha representação e em nome de todos os mais carecentes economicamente da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames. Descansa em paz “Lina”, e até qualquer dia!

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