(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
A
Baixa de Coimbra, na sua natureza de inalterabilidade, é constituída
por quatro segmentos estruturais: a residência temporária,
entendendo os novos projectos de alojamento local (AL), hotéis e
antigas pensões, indústria hoteleira, compreendendo os cafés
e restaurantes e tabernas, serviços, na sua função de prestação,
a habitação de médio e longo prazo, integrando o núcleo
familiar e estudantil, e comércio fixo, entendendo o comércio
de rua.
Como estabilidade natural de placas tectónicas no centro da Terra, se uma destas estruturantes entrar em colapso tudo entra em desequilíbrio e se desmorona.
Como estabilidade natural de placas tectónicas no centro da Terra, se uma destas estruturantes entrar em colapso tudo entra em desequilíbrio e se desmorona.
Acontece
que, sobretudo por carência de políticas de compensação,
camarárias e governamentais, a habitação de médio e longo
prazo e o comércio fixo estão em completa falência
técnica. Esta falta de apoio da administração - ou melhor, o
esquecimento a que foi votada nos últimos vinte anos -, está a
mandar o Centro Histórico, na parte baixa da cidade, para o charco.
Como navio em alto mar sem leme, a Baixa está completamente sem
rumo. O comércio de rua, na sua grande maioria, não gera valor para
se manter. Em consequência, com os novos estabelecimentos comerciais
a durarem um ano de vigência, em média, na maior tranquilidade, sem
que isso aflija minimamente os responsáveis, continuamos a assistir
ao capitular de vários projectos, sonhos de uma vida -nos três
meses deste ano já encerraram 7 lojas. No ano passado foram 32.
Sendo
uma constatação aos olhos de todos, no entanto, desde há mais de
uma década que escrever sobre o declínio que paulatinamente se
abateu sobre esta parte velha foi sempre um problema. Embora já me
habituasse de certo modo a ser apelidado de catastrofista, a verdade
é que, aos poucos, fui deixando de perorar sobre o declínio que se
abateu sobre a zona histórica.
Ora,
para enganar os menos atentos e fazer calar os que gritam por socorro
e fazer de conta que a Baixa está a mexer e a nadar em
desenvolvimento, o que está a fazer o executivo do Partido
Socialista com assento na Câmara Municipal? Fazer de um pequeno
evento uma grande festa e trazer ministros e secretários de estado
para os inaugurar. Com toda a comunicação social a noticiar e a
publicitar qualquer pormenor sem importância, a mensagem de que está
tudo bem e nunca como agora esteve assim passa e apaga qualquer
protesto ou clamor contrário.
Nos
seis meses que se aproximam, ninguém espere outra coisa a não ser
descerrarem placas com grandes discursos de ocasião e foguetório
com muito visual. Entretanto a Baixa, com imensos problemas para
serem resolvidos, vai continuar igual a si mesma, ou seja, abandonada
e em declínio.
Sem comentários:
Enviar um comentário