segunda-feira, 26 de abril de 2010

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)




Maria Helena Dias Loureiro deixou um novo comentário na sua mensagem "A COLUNA DO MARCO...": 
 

Não vou comentar as memórias do Marco. As suas memórias são isso mesmo: primeiro são suas e depois são, como qualquer memória, o que fica no consciente depois de um processo complexo de filtragens. As minhas memórias do 25 de Abril e dos meus 19 anos são muito diferentes das suas (os meus filtros são outros) e não vou perder nem o seu tempo, nem o meu a tentar provar-lhe que as minhas memórias são melhores ou mais genuínas. O que me leva a escrever-lhe é, por um lado solidarizar-me consigo enquanto 'vítima' das apertadelas de bochecha do senhor António do talho, por outro fazer um pequeno, mas justo esclarecimento. Como vizinha da frente do senhor António lembro-me de, sempre que saía para a escola, abrir muito devagarinho a porta para ver se conseguia escapulir-me sem ter as bochechas atormentadas. Quando julgava que me ia safar, lá aparecia o senhor António (aposto que ele se escondia...) de dentadura postiça na ponta da língua e a chamar “có có, có có”. Um desatino...
O senhor António adorava animais: era inclusivamente membro da Sociedade Protectora dos Animais, decisão de uma ironia profunda tendo em conta a sua profissão de talhante e esse amor levava-o a olhar pela gataria das redondezas, tendo um dia salvo uma gata de lá de casa que se tinha armado em equilibrista e caído do telhado. 
Um dia assisti a uma cena que costumo contar quando falo do 25 de Abril: ia o senhor António a sair do talho e é quase passado a ferro por um automobilista descuidado que acelerava pela Rua dos Esteireiros abaixo. Mal refeito do susto dispara o senhor António: "Vê lá se vais mais devagar oh meu grandessíssimo, meu grandessíssimo...fascista!"
Nem mais! O senhor António já percebera que este novo vocábulo que entrara tão recentemente no léxico do cidadão e da cidadã comuns tinha a ver com alguém que não era boa rês, não tinha respeito pelos outros, não se importava com o mal que causasse aos outros e, perante uma situação real, ali à sua porta, usou-o. E muito bem!
Mª Helena Dias Loureiro


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Marco deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)": 

Senhora Dona Mª Helena, esclareça-me lá por favor, é que por vezes não apanho à primeira as coisas, não me está a comparar ao automobilista, ou está? «...alguém que não era boa rês, não tinha respeito pelos outros, não se importava com o mal que causasse aos outros,...» estará a incluir-me? Uma criança na altura! Ah só mais uma coisita, não use ironia, sarcasmo e desprezo na sua resposta comigo, por favor. Ou está a comparar ou não.
Marco 



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M.ª Helena  deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)": 

Marco
Acredite que se eu quisesse utilizar ironia ou sarcasmo seria o primeiro a notar.
A história que contei tinha apenas como objectivo mostrar que 'fascista' na boca do sr António não tinha o sentido político, ideológico da palavra. Para ele fascista era uma forma de insulto, é verdade, e por isso entendo que o Marco se sentisse por isso, mas não mais do que isso.
Mª Helena Dias Loureiro 

3 comentários:

Anónimo disse...

Senhora Dona Mª Helena,esclareca-me lá por favor,é que por vezes não apanho á primeira as coisas,não me está a comparar ao automobilista,ou está?«...alguém que não era boa rês,não tinha respeito pelos outros,não se importava com o mal que causasse aos outros,...» estará a incluir-me?Uma criança na altura!Ah só mais uma coisita,não use ironia,sarcasmo e desprezo na sua resposta comigo,por favor.Ou está a comparar ou não.
Marco

Anónimo disse...

P.S.:Obrigado pela solidariedade,é reciproca pois só quem passou pelos «carinhos» do sr.António sabe do que falamos.Gostaria de referir,também, que o sr.António era visita de casa da minha familia,passava fim de semanas em casa do meu avô(eu fugia,sabe porquê!).

Anónimo disse...

Marco
Acredite que se eu quisesse utilizar ironia ou sarcasmo seria o primeiro a notar.
A história que contei tinha apenas como objectivo mostrar que 'fascista' na boca do sr António não tinha o sentido político, ideológico da palavra. Para ele fascista era uma forma de insulto, é verdade, e por isso entendo que o Marco se sentisse por isso, mas não mais do que isso.
Mª Helena Dias Loureiro