segunda-feira, 26 de abril de 2010

HOJE FUI À ASSEMBLEIA MUNICIPAL

(ESTES FORAM OS MEUS ANTECESSORES QUE EXPUSERAM O SEU TRABALHO NO HAITI)


Eu sei que vocês não sabem –como podem lá saber?-, mas, de tempos a tempos, sou acometido de uma comichão –calma, deixe-me explicar, se faz favor. Não tire conclusões precipitadas. Pois!, nem é nada de preocupante. É assim, de vez em quando, para aí de ano a ano, tenho necessidade de ver os olhos do presidente da Câmara Municipal, Carlos Encarnação, e o presidente da Assembleia Municipal, Lopes Porto –calma! Lá está você com o “mau, mau!”. Nada disso, alma de Deus! As minhas preferências por género estão há muito concluídas.
 Vou continuar, é assim: eu gosto deles (como pessoas, deixe-se lá de mariquices, se faz favor. Fosca-se, lá está você!). Palavra, palavra de honra. Olhe o Encarnação, tirando o título de presidente da autarquia, que lhe dá assim um ar de “senhor dos Anéis”, quando o vejo sentado no Café Santa Cruz, com aquele ar descontraído e displicente, sinto que, tirando o facto de ser o “Mayor”, nas horas em que despe o traje, deve ser boa pessoa. Digo isto com toda a franqueza. Muitas vezes, todos nós, em função do lugar que ocupamos, temos de investir máscaras para nos defendermos…mas para que estou eu com esta pregação, está você a perguntar? Tenha paciência, desculpe lá, hoje deu-me para isto, pronto!
 Vou então continuar, queria dizer que se ele não fosse presidente da autarquia até poderíamos ser bons amigos. Poderíamos ser, sim senhor! Mas como é o chefe da edilidade –e eu sou uma grande melga, que ele até já me cheira à distância, e, cumprimentando-me, os seus olhos parecem dizer: “ai se eu tivesse aqui “Mafu”!...”.
 Já perceberam então porque é que, de tempos a tempos, lá tenho eu de ir chateá-lo.
 Quanto ao senhor professor Doutor Lopes Porto –como vem no “curriculum Vitae”-, tirando o facto de ter sido meu professor de Economia na Faculdade de Direito e me ter chumbado, até nem tenho nada contra ele –sim porque já esqueci. Não sou pessoa de guardar rancores. Claro que ele nem se lembra. O que eu sei é que ele, tal como o presidente da Câmara, também não vai à bola comigo. Pronto!, deve ser daqueles sentimentos que nos atravessam. Deve olhar para mim, e, lá com os seus botões, deve pensar: “não gosto nada deste gajo!”.
 Claro que você, que me está a ler, deve estar a pensar: oh…oh…isso é impressão sua! Não leve isso tão a peito! Obrigado! Não levo mesmo. E, certamente, estará você a pensar, mas, espere aí, o que é que o leva a pensar que o presidente da Assembleia Municipal não gosta de si? Foi isto que pensou, não foi? Está bem eu conto!
É assim: cada vez que eu vou, como orador –sem orar- ao plenário ele manda-me sempre calar. Quer dizer, não é bem calar…é assim do género: “pedia-lhe o favor de terminar depressa”. E foi o que aconteceu hoje. Só que eu, como já viram, conheço bem o meu inimigo –salvo seja, é claro. Então tomo as minhas precauções. Antes da minha intervenção na assembleia, hoje, falaram três pessoas –uma delas doutor, pelo menos foi assim que o presidente da Assembleia o tratou. Ora, tendo em conta o peso institucional do grau, comparativamente com uma nódoa de aluno como eu, já se verá onde quero chegar. Eram respectivamente um professor e dois alunos ligados à Escola Brotero. Pelos vistos o professor fez um bom trabalho no Haiti, lá naquela ilha distante e assolado pelo grande terramoto. Isso não discuto. Então, continuando, este pequeno grupo, legitimamente, apresentou o que bem entendia sobre o assunto em análise. Calmamente, porque já sabia o que ia acontecer, cronometrei o tempo de intervenção destes munícipes: 9 minutos. Da parte da mesa da presidência, reparei, nem um lamento quanto ao tempo. Terminaram quando bem entenderam. Nem “xus nem bus”.
 Fui então o segundo a arguir. O que me levou ao plenário foi esta vergonha que se está a passar com as câmaras de videovigilância na Baixa. Estava, então, quase a finalizar o meu pedido de inquérito aos deputados municipais, quando lá veio a minha já conhecida interrupção do meu “amigo” Lopes Porto: “desculpe, mas vai ter de terminar”.
 Claro que lá se foi a minha esperança de um dia trocarmos um abraço, mas tive de lhe responder à letra: o senhor presidente, professor Lopes Porto, desculpe, mas só passaram ainda 6 minutos. Os anteriores munícipes demoraram 9 minutos. Responde o meu ex-professor: “eu não sei quanto tempo demoraram, não estive a contar o tempo!”.
 Respondi eu, com a minha “refilice” habitual, o senhor presidente não sabe, mas eu sei porque cronometrei o tempo: 9 minutos. Eu estou aqui há 6 minutos. É natural que para o senhor doutor o Haiti seja mais importante do que os problemas da Baixa, mas, com todo o respeito pelos anteriores munícipes, para mim, não é!
Toma lá Lopes Porto, que é para aprenderes a teres respeito por ex-alunos um bocado pró lerdos e básicos!
Tive razão não tive? Acha que ainda poderemos alguma vez virmos a ser amigos? Não, pois não? Também acho. Talvez um dia quando ele largar o lugar institucional. Mesmo assim, daqui –só para lhe dar uma lição- envio-lhe um  grande abraço. É a máscara dele! Tenho a certeza que está mal afivelada. Enquanto foi professor –actualmente está jubilado-, posso garantir, era simpático, humilde e um bom mestre.

1 comentário:

João Braga disse...

Um dia destes fazem-te a folha, ai fazem, fazem e olha que não tens câmaras de vigilância para te salvaguardar :)
Já agora, deixo aqui um obrigado pela parte que me toca, pelo acto heróico, qual Dom Quixote, em defesa do nosso património