sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UM EDIL A REFLECTIR...


  Cá está uma das etapas da minha digressão diária pela baixinha; o passeio é tão estreito que foi preciso descer para a estrada por causa do caixote, da árvore, de um buraco cheio de água, de um sinal de trânsito e de um carro estacionado.
  De calçada portuguesa, borracha ou alcatifa, DÊEM-NOS PASSEIOS. Os portugueses merecem ter onde pôr os pés e não arriscarem serem passados a ferro por um carro, escorregar no lixo que se acumula durante dias e tropeçar nos imensos buracos cada vez que metem o nariz na rua.
 Hoje ao fim de mais um dia de trabalho, fui dar um passeio pelas ruas da baixinha de Coimbra, numa pacata caminhada, pelas artérias circundantes à Praça Velha, o que acabou por se transformar numa vertiginosa corrida de obstáculos, um alargado problema de matemática e uma constante contagem de segundos dependendo a nossa vida disso. Nesta cidade, pura e simplesmente, não há passeios, e se os há são de tal forma estreitos e cheios de coisas (buracos, caixotes, sinais, árvores, carros) que é como se não houvesse.   Foi impossível permanecer mais do que trinta segundos no mesmo passeio sem meter um pé num buraco cheio de água, escorregar em lixo, na calçada gordurenta, estrada, contando sempre o tempo disponível entre carros, e fazendo malabarismos para rapidamente voltar a escalar para cima.
  É comum dizer-se que os portugueses preferem ficar por casa, em vez de deambular pelas ruas, enquanto que em tantos outros países, o cidadão comum, anda lá fora a passear a toda hora, mas: IR PARA A RUA COMO??? E ANDAR POR CIMA DO QUÊ? Tirando algumas ruas da nossa cidade, alguns locais turísticos e algum outro sítio mais sortudo, essa arte tão portuguesa da calçada só existe em bom estado em pequenas fatias.


Jorge Neves
Independente no Bloco de Esquerda
Assembleia Freguesia São Bartolomeu



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