sábado, 2 de junho de 2007

PORQUE ESTOU SO

PORQUE ESTOU SÓ?
Estou só…porque estou…
Estou só…porque sou,
Alguém perdido que quer ser achado,
alguém que tem por companhia a solidão,
alguém que, mesmo só, não quer ser encontrado;
Eu sou aquele, igual, a tantos que encontras na rua,
ora de rosto fechado, ora de máscara risonha disfarçando a tristeza,
não fosse o olhar vago e sem brilho, gostarias que essa felicidade fosse tua,
julgando as aparências pelo todo, verificas que, afinal, só a mágoa é certeza,
o horizonte é perto, é longe, corres, corres e ele mantém-se estático como a lua;
Então, num arrufo entre a piedade caritativa e a curiosidade que te corrói,
sem vergonha, sem pejo em perguntar, interrogas:”porque está triste senhor?”
Levantei os olhos, como faca afiada, direccionei-os a ti, reparei que recuaste,
a vacilar encontraste o equilíbrio perdido e, em murmúrio, entabulaste: “É a dor?”
A dor? Que dor?! A minha ou a sua que carrega como um fado triste?-E tu coraste;
De repente, caindo em mim, para ti eu era gente, só assim era a razão do teu estupor,
estou tão habituado a que me maltratem e me pisem a alma com o insulto,
que estou agressivo, tornei-me duro, injusto, incapaz de receber amor,
pedra do chão, argamassa cimentosa, xisto negro da floresta, fiquei-me estulto,
incapaz de reconhecer o gesto, o abraço, o sorriso…mesmo até um pouco de calor.


LUIS FERNANDES
(COIMBRA)

Sem comentários: