sábado, 2 de junho de 2007

COIMBRA: UM FUTURO COM HISTÓRIA

COIMBRA UM FUTURO COM HISTÓRIA
“A forma como se fala de Coimbra pretende que se considere à lá Durkheim uma ideia de “cidade” como um conceito homogéneo. Não existe, no entanto, uma cidade mas “várias cidades”, compostas por pessoas, cada uma com as suas motivações e comportamentos. A cidade não é, como alguns sociólogos pensam, um todo unificado e bem delimitado, uma totalidade, mas ela está em constante mudança. A cidade não tem existência ontológica. (…)”-extrato retirado, com a devida vénia, do livro “FILHOS DO TÉDIO”, de Rita Alcaide, das Edições Pé de Página, de 2005.
Depois desta introdução, e sem querer tomar partido nesta análise antropológica, gostaria de partir para uma dialéctica, não tentando demonstrar se concordo ou não com a autora acima citada, mas antes deixando a quem ler estas linhas o resultado dos argumentos que irei apresentando. Farei uma tentativa de silogismo, em que mostrarei as premissas e a conclusão última será do leitor, nomeadamente se a cidade será entendida dentro dum conceito homogéneo ou heterogéneo.
O que me levou a escrever este texto foi o facto de ter recebido um folheto a preto e branco, com a efígie do fundador de Portugal, em fundo com o ex-libris coimbrão, a torre erecta da universidade e com a seguinte mensagem e apelo: “ VOTE D.AFONSO HENRIQUES: 760102001 (custo de Eur. 0,60 + Iva por chamada.Ele fez de Coimbra a capital do reino. Vamos fazer dele O GRANDE PORTUGUÊS. “ Os GRANDES PORTUGUESES”-concurso da RTP- VOTE ATÉ 25 DE MARÇO –pela rede fixa e pelo seu telemóvel. Numa primeira abordagem este apelo ao voto até nem terá nada de extraordinário –pensamos- certamente teria sido emitido por alguma entidade antifascista, da cidade que, tendo horror à figura carismática de Salazar, tudo fazendo para o manter na tumba, bem enterrado e o mais fundo possível, para que até, hipoteticamente, o seu espírito, se possível, seja carcomido pela terra pesada de Santa Comba, veio apelar ao voto no filho da mãe, vítima e alvo de violência doméstica. Com olhar perscrutador procuramos então no panfleto carregado de luto e vemos então a entidade emissora de tão estranha missiva: CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA;
Passaremos a outro caso recente, e noticiado no DC, em 18 do corrente: CAMINHO DAS VINHAS TEM PLACAS GÉMEAS. Para quem não leu, conta-se em duas penadas. Há muito que existe uma querela reivindicativa por uma zona disputada entre os presidentes de Junta de Santa Clara e de S. Martinho do Bispo. Trata-se de uma terra- de-ninguém, conhecido por Caminho das Vinhas, entre a Mesura e o Hospital dos Covões, mais exactamente nos Alqueves. O primeiro a reclamar e assinalar com uma placa foi o executivo Santaclarense, depois o Sãomartinhobispense arrancou a placa e o pleito encontra-se agora em tribunal para ser dirimido. Mesmo antes do transitado em julgado, como nacionalistas a reivindicar Olivença, um armado em cavaleiro da coroa e outro em Sancho Pança, cada um colocou, no que considera ser o seu território, uma placa toponímica com o mesmo indicativo. Ou seja, existe um caminho com duas placas exactamente iguais, uma ao lado da outra.
E por último, a aquisição de quatro viaturas topo de gama pela autarquia, para o executivo municipal, quando o lixo tem sido recolhido em carrinhas de caixa-aberta, por inoperância dos carros apetrechados para o efeito, e as dívidas a fornecedores, segundo a imprensa, levam mais de um ano a liquidar. Veio então o vereador responsável pela área financeira responder que “com a aquisição destas viaturas estamos a economizar”.
Desculpe…importa-se de repetir?! Bem pode pregar Gouveia Monteiro, vereador comunista na coligação laranja, contra o que considera um atropelo aos mais elementa-
res princípios éticos, se ninguém o ouve!? Pudera…são todos surdos!
Algum destes casos apresentados parece ridículo?...Bom se parece, não era intenção!
A conclusão será sempre sua leitor…daí lavo as minhas mãos!


LUIS FERNANDES
(COIMBRA)

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