sábado, 2 de junho de 2007

CARTA A UM FANTASMA CONHECIDO

CARTA A UM FANTASMA CONHECIDO
São vinte horas e o sonho vai começar,
percorro todos os sites, o que eu faço para te encontrar,
meu fantasma confidente, querido, meu amigo,
tenho em ti toda a esperança, eu só quero estar contigo;
Sofregamente, vejo o menssenger…não estás lá,
vou ao mail, a correr, ansiosa, nem sinal de ti,
prometeste, ontem aqui, não faltavas, estavas cá,
jogo um jogo, a ver se vens, não sei que vai ser de mim;
Durante o dia, no trabalho, contava os minutos, expectava,
O relógio, contra mim, tic-tac…tic-tac… lentamente,
parecia querer provocar e, grosseiro, desafiava,
quase a rir, para mim, o insolente, parecia contente;
O meu chefe, que não é tolo, tantas vezes perguntou:
“Que se passa?...Pareces não estar aqui…”
O bom homem, que adivinha, interesse nem mostrou,
com sorriso, meio tímido, inclinei a cabeça, assenti;
Mal tocou, essas desejadas, as badaladas de saída,
arrumei a papelada, tanta pressa de chegar,
nem ao lanche eu quis ir, até estranhou a Guida,
só queria ganhar tempo, ir para casa e jantar;
Confesso que cá em casa, sobretudo, a limpeza…
está adiada, passar a ferro, bem como assim o jardim,
o que importa é eu estar bem, isso é concerteza,
falar contigo, é o que quero, é tudo para mim;
És a droga que consumo e, aos poucos, me consome,
és a alma que não tinha, por estar negra, nem sorria,
és o comprimido diário que eu tomava e, agora, outra tome,
és o espírito, a minha graça, o meu amor, a minha alegria;
Noite dentro, muito tarde, já brinca a luz, quase dia,
vou para a cama, o sono tarda, dou voltas para adormecer,
lembro o passado, em mágoa, rola uma lágrima, sem ti o que seria?
És o vento que toca as velas, deste corpo… DE TODO O MEU SER!

LUIS FERNANDES
(COIMBRA)

Sem comentários: