sábado, 10 de julho de 2021

MEALHADA: NÓS POR CÁ…

 

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



POLÍTICA… DOS POLÍTICOS


A cerca de dois meses e meio das eleições autárquicas, que irão ocorrer a 26 de Setembro, o ambiente ainda não aqueceu ao rubro. Pressente-se que todos os contendores, numa discreta actividade, como se estivessem posicionados numa guarita de atalaia, vão vigiando o que o opositor vai fazendo. Na mais pura diplomacia, vão oleando os motores e afiando as espadas. Adivinha-se no ar o cheiro a ferro e o sabor a sangue, mas, devido à “silly season”, período de baixa informação que ocorre no verão, talvez a notória escaramuça só aconteça muito próximo do Outono, que fará entrada a 22 de Setembro, quando as folhas das árvores se preparem para a metamorfose, a mudança do verde para o amarelo. Como o inimigo a abater é comum, é muito natural que, sem grandes facadas entre eles, a amizade reinante persista mesmo depois das hostilidades.


* Movimento Mais e Melhor (pelo Concelho da Mealhada): Liderado por António Jorge Franco, ex-vereador no período de 2005 a 2009, na presidência de Carlos Cabral, com um traquejo invulgar, percorrendo os caminhos de terra-batida, pedra e alcatrão de todos os lugares do Concelho, ouvindo os moradores, parece querer fazer jus ao ditado de que o primeiro a arrancar é o que tem maior chance de cortar a meta isolado.

Diga-se o que se disser, ambição não lhe falta. Num tratamento de proximidade entre os eleitores, Franco, sem rebuço nem entraves contraditórios, parece sentir-se à vontade e no seu meio.


* Juntos pelo Concelho da Mealhada: Comandado por Hugo Alves Silva, vereador sem pelouro no actual executivo, como se fosse um falcão e observasse o trabalho da concorrência sentado na Cruz Alta, no Bussaco, Hugo parece esperar o seu momento para se lançar ao ataque.

Como se quisesse transmitir à opinião pública que o seu “inimigo” ainda não foi nomeado candidato pelo partido e que o resto, os que andam à volta, são trocos de sumir, não parece apresentar grande preocupação com o tempo que começa a escassear para fazer passar a sua mensagem e chegar até ao lugar mais recôndito do Concelho.

As más línguas dizem que a sua modorra é incompreensível e já deveria ter iniciado o “vôo do Falcão”. E que quando acordar para a realidade, um dos seus opositores, não classificado como “perigoso”, passando pelos pingos da chuva, pode pregar-lhe uma enorme surpresa.


* Partido Socialista: Ainda sem candidato consignado, no entanto, tudo indica que vai ser Rui Marqueiro, o actual presidente da Câmara Municipal.

O busílis da questão é: porquê este arrastamento partidário na declaração do candidato?

Dizem as boas línguas que para Marqueiro, com um ego enorme embrulhado em falinhas mansas de humildade, esta eleição é como limpar o “cu a meninos”. Se é certo ou não, a verdade é que na última Assembleia Municipal o declarante afirmou que, para ganhar as eleições, o que contavam eram os partidos e pouco as pessoas. Adivinha-se que na sede rosa, na Mealhada, os seus correlegionários teriam torcido o nariz a tais afirmações.

Para as más-línguas, este aquecer da nomeação em lume brando é intencional. Sem que a lei o possa evitar, com os meios ao seu dispor e em melhor posição do que os concorrentes, vai fazendo a sua campanha à custa da autarquia. Sendo verdade ou mentira, de facto, vê-se que o anunciar de obras públicas parece chuva molhada de inverno. Que não se atrase nas apresentações e não adormeça na cadeira, porque o perigo espreita a qualquer esquina e o tempo começa a encurtar, dizemos nós, que não percebemos nada disto.


* Bloco de Esquerda/Mealhada: Apresentando como candidato à Câmara Municipal Gonçalo Melo Lopes, de 32 anos, parece colocar todos os ovos na reeleição de Ana Luzia Cruz e conquistar mais um deputado para lhe fazer companhia na Assembleia Municipal.

Sendo um partido de corte com a ordem estabelecida, acima de tudo, arrumando estereótipos e costumes feitos num tempo bolorento e seguidista, procura romper com ilusórias barreiras de vidro que continuam a limitar o ingresso na vida política. Como exemplos, veja-se a jovialidade de Gonçalo Melo Lopes e a inscrição de Ruben Madureira de Castro, como candidato à Junta de Freguesia de Vacariça, também muito novo, mas sobretudo com o seu corte de cabelo vanguardista e brinco na orelha. Quem não abriu os olhos de surpresa, que atire a primeira pedra.


*CDU, Coligação Democrática Unitária/Mealhada: Levando à frente João Pereira Marques como proponente à Câmara Municipal, a CDU, mostrando os obreiros que alimentam a máquina partidária local, sem descurar, passo-a-passo, vai fazendo o seu trabalho de bastidores. Num Concelho que, por ignorância, rendição ou cansaço, parece querer muito pouco da esquerda institucional, esta coligação também parece rendida ao sistema. No fundo, no fundo, contenta-se com pouco, bastando-lhe umas migalhas de poder, como quem diz, eleger representantes apenas para as Assembleias, Municipal e de Freguesia.


* Outros ilustres desconhecidos: Há quem diga que o CHEGA e o Iniciativa Liberal andam à procura de nomes para preencherem as listas. E se assim for, podem perfeitamente colocar-se na linha de partida para concorrerem. Se assim acontecer, tal como outros partidos minoritários, procurarão almejar somente a eleição para a Assembleia Municipal.


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