terça-feira, 18 de agosto de 2009

RECORDAR





Estou sentado naquele jardim,
olho o chão, aos meus pés,
traço um desenho sem fim,
na memória de lés-a-lés;
Sinto o cheiro a balouçar,
no movimento dos ramos,
mil pardais a esvoaçar,
em alegria que invejamos;
Um pássaro vem junto a mim,
como se quisesse falar,
olhei para ele, ele para mim,
em fracção, vi o teu olhar;
Ficámos presos, tudo parou,
no fixado e lindo momento,
num tempo que não avançou,
só se ouvia a brisa do vento;
Em crepúsculo ele gemia,
numa estranha e forte dor,
como se fosse a fantasia
que povoou o nosso amor;
Do céu veio uma andorinha,
triste, asa caída e molhada,
tentei afagá-la, coitadinha,
não reagiu, parecia amortalhada;
Entre sons, num sussurro, ouvia,
“ama beija-me, vem me abraçar”,
numa voz reconhecida, me dizia
empresta-me o ombro para eu chorar.

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