(Imagens da Web)
Com
o discurso, ontem, do Presidente da República, ficou provado que
Marcelo Rebelo de Sousa é um “animal” político que sabe
muito bem quando deve saltar fora de um alinhamento que o pode
arrastar para a lama. Se, por um lado, é certo que procura a
salvação individual e não ser chamuscado pelo fogo, por outro,
ficou sublinhado que não quer ocupar o lugar para parecer “corta
fitas” ou fazedor de fretes ao Governo, como se chegou a temer.
Ficou claro, bem claro, que Marcelo quer o seu espaço de intervenção
bem definido e bem separado da esfera do executivo liderado por
António Costa. Marcelo, ao içar a bandeira de alerta geral para a
classe política e pedido de intervenção da Assembleia da
República, de dedo em riste, disse sem dizer que os partidos
que apoiam o Governo não estiveram bem nesta questão dos incêndios
que assolou Portugal e, quando deveriam exigir responsabilidades, calaram perante as tragédias de Junho e de Outubro por calculismo
político. Foi devido ao “ralhete” do Presidente que
António Costa demitiu -ou forçou a sua demissão- a Ministra da
Administração Interna. Tal como Passos fez com Relvas no passado,
Costa perdeu tempo e muito capital político ao querer levar até ao
impossível a solidariedade camarada.
Ontem
foi o corte entre o “antes” e o “depois”
de Marcelo. De aqui em diante nada vai ser igual. Tudo indica que,
com o aviso à navegação, a trégua institucional entre o
Governo e a Presidência da República acabou. Ficou claríssimo
que Marcelo, se as condições meteorológicas se agravarem, é
“muito menino” para repetir um traço da história
recente quando Sampaio demitiu Santana Lopes, alegadamente por
incompetência e por não ter sido eleito, e abriu caminho à eleição
de José Socrates, em 2005.
Num
eterno retorno, tudo parece indicar que ou Costa se alinha, dando
ouvidos à direita, representada por Cristas, ou temos o caldo
entornado.
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