Sob
o mote “Noites de
Coimbra - Música no coração da cidade”
e na temática “Rota
das Tabernas”,
de responsabilidade da Câmara Municipal de Coimbra, realizou-se
ontem à noite, no Largo da Freiria, um jantar para cerca de quatro
dezenas de pessoas e outra vintena a assistir acompanhado por fado de
Coimbra. Pelo preço de 8 euros, os comensais, inscritos previamente
na autarquia, puderam degustar um saboroso caldo verde a abrir o
repasto, uma boa chanfana assada em forno de lenha e a terminar com
um arroz-doce de estalar o palato, tudo muito bem servido pelo Sérgio
Ferreira, no restaurante Padaria Popular. Tudo bem regado por uma
“pomada”
de carrascão da zona.
Numa
fantástica execução instrumental a cargo do projecto “Iterum”,
guitarra clássica e guitarra portuguesa, e com a extraordinária voz
de António Dinis, um dos melhores intérpretes da canção coimbrã
da actualidade, a mostra, muito bem organizada pelo pelouro da
cultura da autarquia, deixou sabor a pouco. No final de cada
actuação, as palmas ecoaram fortemente no mais pitoresco largo da
Baixa de Coimbra.
E O DIA,
SENHORES?
O
programa “NOITES
DE MÚSICA NO CORAÇÃO DA CIDADE DE COIMBRA”
teve início no passado 22 de
Junho e distribuído por entre vários dias da semana, com vasta
animação noturna entre fado, cinema, folclore e outros ritmos, vai
até 01 de Outubro.
Numa
primeira análise, há alguma questão a apontar? Afinal é festa e
esta, no pico turístico, é realizada no coração da cidade, como
quem diz, na Baixa, que, como se sabe, sofre de uma
acentuada desertificação, sobretudo e também, a partir das 19h00.
Sendo assim, está tudo bem. Estará?
Antes
de prosseguir gostaria de fazer uma ressalva: tenho para mim que se,
por um lado, nada agrada a todos, por outro, qualquer iniciativa
cultural é passível de aperfeiçoamento. E isto quer dizer o quê?
Quer
dizer que este programa está carregado de boa-vontade, mas, depois
de se pensar bem, chega-se à conclusão que terá de levar uns
acertos. Tem coisas boas? Tem sim! Uma delas é o facto de tomar mais
atenção aos becos e vielas mais esquecidas da denominada baixinha.
Mas há detalhes que devem ser melhorados. Se não vejamos:
Visto
a frio, sendo estas acções realizadas à noite, mais uma vez se
verifica que quem mais sai beneficiado é o sector hoteleiro. Ou
seja, os milhares de euros saídos do erário público destinados à
revitalização do Centro Histórico no seu todo, na prática, vai
beneficiar uma parte, uma área, a hotelaria, que é a que está
melhor economicamente no tecido empresarial desta zona. Portanto, a
autarquia, sem intenção certamente, acaba por discriminar
negativamente os operadores que aqui laboram entre as 09 e as 19h00,
como o comércio e os serviços.
MAS, Ó
SENHOR, O QUE SE HÁ-DE FAZER?
Se
houver repetição destas alegorias para o ano, estes acontecimentos
terão de ser repensados. Porque há uma questão básica similar: a
desertificação na Baixa de Coimbra não atinge apenas a noite.
Embora em menor escala, o movimento no dia também precisa de uma
mexida. E grande, digo eu. As lojas continuam a encerrar -e isto não
é teimosia minha, está à vista de toda a gente. Basta dar um
passeio pelas ruas.
Então
surge a pergunta sacramental: como é que se pode dar a volta a isto?
A meu ver, há duas alternativas. Na primeira, é imperioso envolver
o comércio tradicional e tentar que as lojas estejam abertas neste
período de verão. Bem sei que é difícil, mas para o demover cabe ao pelouro da cultura estudar o assunto. Claro que para esta
mudança ocorrer os espectáculos públicos terão de se realizar
mais cedo e não às 21h30-22h00 como está acontecer. Na
segunda alternativa, que se tornará efectiva por falhanço político
no acordo com os lojistas, a edilidade, para não ser acusada de
vistas curtas, em benefício e privilégio de um sector, estará
obrigada a empreender também animação durante o dia.
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