(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Está
na moda falar de auto-estima da cidade. Fala o “polidor de esquinas”, fala
o engraxador, fala o presidente, falam os candidatos a presidente,
“falam” os câes, “falam” os gatos. O problema é quando, sobretudo os aspirantes ao poder, numa espécie de cocktail de ervas aromáticas, por um lado, apelam à
crítica através da participação política dos cidadãos e, por
outro, se queixam do “bota-abaixismo”.
Há
muito tempo que tento entender a diferença entre “bota-abaixismo”
e crítica. Nunca consegui chegar a uma conclusão.
Fiz uma pesquisa
na Internet, aqui, e fiquei a saber que o
termo “bota-abaixismo” terá sido inventado
por José Sócrates para desvalorizar as críticas àquilo a
que continua a chamar a governação, substituindo sem grandes
vantagens estéticas a expressão “crítica destrutiva”.
E
já agora a palavra “crítica”? O Dicionário Online de Português
expressa-se assim: “Análise avaliativa de alguma coisa; ação
de julgar ou de criticar: submeteu o livro à crítica do professor.”
Fiquei na mesma, claro
que, como diria a outra, esta falta de apreensão terá a ver com a
minha imbecilidade.
E
para confundir mais ainda os meus neurónios padecentes, sobretudo o
poder instalado e os candidatos ao poleiro, todos juntos, apelam
constantemente à crítica cidadã, à estafada participação cívica
e política, mas depois, são estes mesmos mensageiros da revelação
profética que se queixam, amiúde, de “bota-abaixismo”.
Onde
residirá a marca que distingue as duas palavras? Se calhar, digo eu
que não entendo nada de psicologia social, uma crítica positiva, no
correspondente a “bota-acimismo”, é o “está
calado e cala-te” ou “continua calado se não
estiveres de acordo com a nossa doutrina”.
“A
arte de interrogar é bem mais a arte dos mestres do que a dos
discípulos; é preciso ter já aprendido muitas coisas para saber
perguntar aquilo que se não sabe” -Jean
Jacques Rousseau
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