sábado, 23 de maio de 2009

A BAIXA E OS TRABALHADORES DO COMÉRCIO




Como se sabe a APBC, Agência para a Promoção de Baixa de Coimbra, a ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra e um grupo de comerciantes sem filiação a estas duas agremiações comerciais, estão empenhados em criar uma série de realizações que eleve, novamente, a Baixa no inconsciente de todos os seus frequentadores. Pode parecer um slogan, mas esta zona monumental, por vários motivos, paulatinamente, foi perdendo a sua auto-estima. Metaforicamente, comparando com uma pessoa, foi-se transformando num velho sem forças, rendido às evidências, completamente conformado, e que, para esquecer as agruras da vida, se “encharca” nos copos para esquecer.
Como frequentadores, refiro os consumidores, mas, sobretudo, os seus operadores comerciais: os patrões e os empregados. Só o vendedor que acredita no produto que vende, consegue, através da sua profunda convicção, gerar empatia no comprador e levá-lo a adquirir o seu artigo. É preciso acreditar que a Baixa tem futuro. Quem trabalha aqui sabe que se esta zona monumental capitular ficará em maus lençóis. A maioria já todos ultrapassaram os “entas”. Em caso de colapso, para onde vão? Seria bom, por momentos, quer patrões, quer empregados, que fizessem esta interrogação.
Todos sabemos que o pessimismo, quando instalado, é uma bola de neve que cada vez mais se torna mais agigantado. Ora, sem querer parecer um profeta da desgraça ou anjo da salvação, uma coisa é certa: para baixo, não podemos ir mais. Então o que resta? A meu ver, darmos, todos, as mãos na recuperação desta zona comercial, outrora tão rica e cheia de história. Se não tivermos nenhuma referência familiar, pelo menos, pela memória de algum comerciante que conhecemos ou então, ao menos, por um pouco de cidadania.
Não vale a pena, em pungido penar, como velho do Restelo, culparmos o pagamento de estacionamento, o lixo, as grandes superfícies, o estado envelhecido do casario, os armazéns nos andares cimeiros dos prédios, a falta de pessoas. Isso não interessa nada! É passado! O que vale a pena é, isso sim, olharmos o futuro de frente. Temos um problema, não temos? Então, todos juntos, patrões e empregados, vamos resolvê-lo. É evidente que para isso acontecer, quem deve dar o exemplo serão os patrões. Deverão falar com os seus funcionários, e, sem vergonha, dizer-lhes, cara-a-cara, a situação da sua firma. Fazer-lhes ver o quanto estão empenhados em manter os seus empregos de décadas. Fazer-lhes ver que é preciso maior empenhamento a vender; fazer-lhes ver que têm de acarinhar o cliente como se este fosse um bebé de colo; fazer ver a alguns empregados, do comércio tradicional, que não querem trabalhar ao sábado de tarde e muito menos dar um quarto de hora a mais para além das 19 horas, que se perderem o emprego, podem ter de se sujeitar a um horário intensivo até muito além da meia-noite numa qualquer grande superfície comercial.
Não se pense que defendo o sacrifício “pro bono” dos empregados. Os funcionários têm direitos e é preciso respeitá-los. Ou seja, esta consideração é recíproca. Comportamento gera comportamento e deve começar pelo patrão. Mas, em princípio, terá de prevalecer: o supremo interesse de todos. E qual é? Obviamente que é a recuperação comercial da Baixa e a sua força anímica.
Eu já ouvi de tudo e de todos. Dos empregados, em surdina, cobras e lagartos. De alguns patrões, expressões do tipo: “se quer trabalhar, trabalhe você”; “os sábados são para eu descansar, que já trabalhei muito”; “não estou para trabalhar para tesos –considerando-me, pelo meu envolvimento, como o mais teso de todos. Devo dizer, que é verdade. Lá nisso adivinharam. Mas, calma! Mesmo sendo agnóstico, todos os dias rezo ao meu “Santantoninho” e, para que caso este falhe, também a Santo Onofre.
Foi gostoso de ver, neste último sábado, muitas mais lojas abertas e muito, muito mais, público nas ruas. Se houve muito negócio? Isso não sei. Mas para colher é preciso semear!
Vamos, todos, envolver-nos em torno dos projectos da ACIC E DA APBC?

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