domingo, 7 de janeiro de 2024

BARRÔ RECEBEU O CANTAR DAS JANEIRAS

 




Precisamente ao bater das 10h30, vozes afinadas do Grupo Regional da Pampilhosa do Botão saíam harmoniosamente de supetão pela porta de entrada da capela de Barrô, como quisessem libertar-se do espaço exíguo das quatro paredes e invadir todo o espaço envolvente. Promovido pela Junta de Freguesia de Luso, Câmara Municipal de Mealhada e outros patrocinadores foi um evento a repetir.

O público, essencialmente constituído pela classe alta, mais exactamente treze pessoas, menos do que os cantantes romeiros pampilhosenses. Marcaram presença o senhor Regedor, o senhor Juiz da Festa, o senhor Procurador, a senhora Ministra para os Assuntos Eclesiásticos e respectivos assistentes da função, o senhor Ministro Regional da Cultura, o senhor Ministro Local dos Assuntos Geriátricos e Gerontologia, e os restantes eram Fidalgos.

Fosse por alguma geada estendida nos telhados sobranceiros, ou não, a verdade é que o espectáculo não cativou de todo o povo do território barrosense.

Por entre as várias canções apresentadas no concerto, ouviram-se muitas palmas.

Todos os presentes mostravam estar felizes.

Todos, como quem diz, salvo seja. O padroeiro São Sebastião, atrás do grupo popular, olhava o Céu com manifesto sofrimento de mártir.

Mesmo tentando, não consegui retirar-lhe uma declaração e chegar a falas com a santidade. Olhava para cima, com os olhos presos no tecto de madeiramento do templo. Deu-me pena aquele ar de sofrido, coitado. Parecia estar mesmo deprimido.

O que seria que apoquentava o martirizado?


E COMO FOI NO LUSO?


Com João Silva, secretário da Junta de Freguesia de Luso, a fazer de contra-mestre na apresentação dos grupos de Cavaquinhos da Associação Salatina, de Coimbra, e do Grupo Regional da Pampilhosa do Botão, respectivamente com actuações, por volta das onze horas e o meio-dia, perto da Igreja Matriz, dentro do Mercado e junto ao Restaurante “O Cesteiro”, os certames também não cativaram os lusenses para ovacionar quem se esforçou por dar animação à Vila.

Quem não parava de reclamar, mas com vincada veemência, foi um enorme bando de passarinhos: então vieram acordar-nos com as violas e o rufar dos tambores para não haver público nenhum? Está certo isto?

É de aconselhar a Junta de Freguesia, para o ano, que estes espectáculos sejam acompanhados de pequeno-almoço para quem se dignar aparecer e bater palmas aos músicos etnográficos.


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