Precisamente ao bater das 10h30, vozes afinadas do Grupo Regional da Pampilhosa do Botão saíam harmoniosamente de supetão pela porta de entrada da capela de Barrô, como quisessem libertar-se do espaço exíguo das quatro paredes e invadir todo o espaço envolvente. Promovido pela Junta de Freguesia de Luso, Câmara Municipal de Mealhada e outros patrocinadores foi um evento a repetir.
O público, essencialmente constituído pela classe alta, mais exactamente treze pessoas, menos do que os cantantes romeiros pampilhosenses. Marcaram presença o senhor Regedor, o senhor Juiz da Festa, o senhor Procurador, a senhora Ministra para os Assuntos Eclesiásticos e respectivos assistentes da função, o senhor Ministro Regional da Cultura, o senhor Ministro Local dos Assuntos Geriátricos e Gerontologia, e os restantes eram Fidalgos.
Fosse por alguma geada estendida nos telhados sobranceiros, ou não, a verdade é que o espectáculo não cativou de todo o povo do território barrosense.
Por entre as várias canções apresentadas no concerto, ouviram-se muitas palmas.
Todos os presentes mostravam estar felizes.
Todos, como quem diz, salvo seja. O padroeiro São Sebastião, atrás do grupo popular, olhava o Céu com manifesto sofrimento de mártir.
Mesmo tentando, não consegui retirar-lhe uma declaração e chegar a falas com a santidade. Olhava para cima, com os olhos presos no tecto de madeiramento do templo. Deu-me pena aquele ar de sofrido, coitado. Parecia estar mesmo deprimido.
O que seria que apoquentava o martirizado?
E COMO FOI NO LUSO?
Com João Silva, secretário da Junta de Freguesia de Luso, a fazer de contra-mestre na apresentação dos grupos de Cavaquinhos da Associação Salatina, de Coimbra, e do Grupo Regional da Pampilhosa do Botão, respectivamente com actuações, por volta das onze horas e o meio-dia, perto da Igreja Matriz, dentro do Mercado e junto ao Restaurante “O Cesteiro”, os certames também não cativaram os lusenses para ovacionar quem se esforçou por dar animação à Vila.
Quem não parava de reclamar, mas com vincada veemência, foi um enorme bando de passarinhos: então vieram acordar-nos com as violas e o rufar dos tambores para não haver público nenhum? Está certo isto?
É de aconselhar a Junta de Freguesia, para o ano, que estes espectáculos sejam acompanhados de pequeno-almoço para quem se dignar aparecer e bater palmas aos músicos etnográficos.
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