terça-feira, 28 de setembro de 2021

MEALHADA: PSD PARA ONDE VAIS?

 





Num concelho onde o Partido Socialista (PS) está profundamente implantado há várias décadas, como é o caso da Mealhada, ainda que não seja totalmente inédito, deveria dar pano para mangas para especulações. Sobretudo com interrogações como, por exemplo: por que razão os partidos à direita e à esquerda do PS, nomeadamente o CDS/PP e o PPD/PSD e a CDU e o Bloco de Esquerda, não crescem e permanecem raquíticos? Se a CDU e o Bloco, referenciados de esquerda, até se entende, já que não são propriamente vocacionados para as presidências autárquicas – basta lembrar a experiência destas eleições, em que a CDU continua a perder câmaras e o Bloco não conquistou nenhuma – mas antes como peças fundamentais na negociação com o poder camarário e no levantamento e solução de problemas. Já com os partidos conotados com a direita, ou centro-direita, como quem diz o CDS/PP e o PPD/PSD, custa a compreender esta inactividade e falta de representação e alternância democrática. Sobretudo os Sociais-democratas que a nível nacional são a oposição institucional. Porque, passando a especulação, é bom lembrar que esta apatia e deixa-correr é altamente prejudicial em qualquer meio habitado. E mais uma vez perguntas: a quem se deve? Culpa dos filiados e simpatizantes destas duas forças políticas, que não se organizam para criar uma espécie de baluarte? Culpa dos eleitores, que sendo ignorantes disfuncionais, pouco esclarecidos, visando mais um objectivo de interesse do que serviço público, acabam a votar sempre nos mesmos?


E O PSD, SENHOR?


E vou agora incidir a minha atenção no PSD/Mealhada, já que foi esta intenção que me levou a debitar bitaites.

Como sabemos, em 45 anos de poder local democrático, na Mealhada, o PSD, apenas, foi governo executivo durante dois mandatos: de 1979 a 1982, em presidência associada (AD), e de 1985 a 1989, aqui sim sozinho, em que obteve o melhor resultado de sempre: em sete, elegeu quatro vereadores.

Como é amplamente do conhecimento de todos, sobre a liderança do social-democrata Hugo Alves Silva, formando o Juntos Pelo Concelho da Mealhada, englobado numa coligação de pequenos partidos, neste último Domingo a representação do PSD passou de três vereadores eleitos em 2017 para um, actualmente – é certo que, estou em crer, foi prejudicado pelo método de Hondt, mas é o que temos.

Antes de prosseguir gostaria de deixar bem claro que não pretendo apontar culpados pelo desaire eleitoral. O que me move é, sem receio, puxar o assunto para cima da mesa e, sem qualquer receio de parecer mal, não esconder as questões mais pertinentes e, como munícipe que gosta de ver as coisas sem opacidade, analisar a frio o que se passou até agora. Mais: se se entender que, em metáfora, o PSD/Mealhada deve ir ao divã psicanalítico, que se faça isso sem medo. É da discussão que nasce a luz.

Voltando a Hugo Silva, é meu entendimento que este comandante dirige um barco sem remadores. Quero dizer que é minha convicção que manobra uma embarcação com poucos meios, ou seja, com poucos apoios externos dos seus pares laranja.

E aportando aqui, poderemos lançar mais uma questão: por que não se chegaram os sociais -democratas do concelho a Hugo Silva nesta eleição? Por não acreditarem na sua liderança?

Correndo o risco de estar a ser injusto, a meu ver as razões são outras: por um lado é (era) o medo de saírem do armário e poderem vir a ser prejudicados pelo “sistema” implantado, por outro, é o clientelismo que parecia grassar à volta.


MAS A DEPENDÊNCIA ACABOU… OU NÃO?


Presumidamente, deixando de estar em cena Rui Marqueiro, tudo indica que o PS local, sem substituto com o mesmo gabarito à vista, vai atravessar o deserto durante os próximos quatro anos.

Logo, embora o PSD/Mealhada se encontre na mesma circunstância, respeitando os compromissos eleitorais a que se comprometeu, deveria aproveitar este espaço de tempo para se reorganizar. Para o mandato de 2025, deveria acabar com as coligações com os partidos sem quórum e de arrasto. Estes acordos de pré-eleições, apagando o seu brilho de grande partido, só prejudica a sua visibilidade futura.

Mais ainda, neste tempo de introspeção e pós-eleições, a Concelhia local do partido deveria convocar uma jornada de trabalho, aberta a militantes e simpatizantes, para analisar o presente e o futuro e conseguir mais aderentes ao PSD.

Por outro lado, exigir que o líder do partido nacional, neste caso Rui Rio, inclua a Mealhada nos seus roteiros políticos. Já há muitos anos que a impressão que se extrai é que a direcção nacional do PSD não conhece a Bairrada.


O LUGAR DE HUGO SILVA ESTÁ TREMIDO NA CONCELHIA?


Como se sabe, perante o cenário que se apresenta no executivo mealhadense, num universo de sete lugares, o Movimento Independente Mais e Melhor elegeu três deputados, o PS garantiu outras três marcações e a coligação Juntos Pelo Concelho da Mealhada elencou um, Hugo Alves Silva.

Não é preciso ser grande analista em ciência política para verificar que a posição de Silva – que, mais que certo fará um acordo pós-eleitoral com António Jorge Franco – é de extrema importância para que o novo executivo se torne governável, e o concelho possa ambicionar alguma paz e progresso neste futuro que é já hoje.

Mas há um porém: os partidos-muleta, se não explicarem publicamente muito bem as suas opções em associação aos munícipes, acabam por serem prejudicados no mandato futuro. Por isso mesmo, Ou Hugo, nestes quatro anos, consegue passar por entre os pingos de chuva ou então o PSD local desaparece nas brumas da insignificância.

Valerá a pena pensar nisto?


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