segunda-feira, 27 de setembro de 2021

ELEIÇÕES NA MEALHADA: NÓS POR CÁ… A VINGANÇA SERVE-SE FRIA

 




Ontem, Domingo, 26 de Setembro, realizaram-se as eleições autárquicas.

Em todo o país houve trocas e baldrocas, quer de candidatos que trocaram de partidos, quer de Câmaras que, sendo bastiões há décadas de partidos de charneira, sem ser previsível, mudaram de mãos.

Uma dessas autarquias foi a Mealhada. Nos últimos quarenta e cinco anos de poder autárquico democrático, excepto nos mandatos de 1979 a 1982, em que ganhou a Aliança Democrática, e de 1985 a 1989, em que ganhou o PPS/PSD, esta edilidade foi sempre conquistada pelo Partido Socialista (PS) com maioria absoluta. Até ontem.

Subitamente, um pouco para espanto da maioria, o veterano candidato Rui Marqueiro, em representação do PS, foi apeado. O causador da queda foi António Jorge Franco, à frente do Movimento Independente Mais e Melhor (MIMM).

Se o momento da vitória acaba por ser inédito e histórico, convém dizer que a cúpula da força política, constituída por um triunvirato de peso, respectivamente António Franco, Filomena Pinheiro e Carlos Cabral, é formada por dissidentes, ex-socialistas que na última década, por motivos vários, entraram em choque com Marqueiro.

Se o facto interessa pouco do ponto de vista político, já do lado pessoal dos agora Presidente da Câmara Municipal, da Vice-presidente e do Presidente da Assembleia Municipal, trata-se de uma palmada sem mão. Por outras palavras, a vingança serve-se fria.


A FÓRMULA GANHADORA


Para justificar o modo como o MIMM ganhou a Câmara Municipal da terra do leitão haverá tantas maneiras quantos leitores que discordem das teses que vou apresentar.

Sem ordem hierárquica, a primeira teria sido o facto de num concelho de origem socialista se apresentar aos eleitores como movimento de cidadãos independentes mas sem ocultar a génese ideológica do topo da agremiação. Este facto teria levado a que grande parte dos eleitores tradicionais que votavam no PS se deslocalizassem.

Por outro lado, o eleitor mais identificado com o PSD, talvez por não se rever na coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, que era até agora a segunda força mais votada, mas ansioso por “despedir” Marqueiro, transformou em voto útil ao sufragar o MIMM. Com este procedimento o PSD/Mealhada ficou numa grande encruzilhada para o futuro – mas sobre isso escreverei outra crónica.

Seguindo o mapa nacional, também os eleitores que de certo modo se reviam na esquerda, na CDU e no Bloco de Esquerda, em cerca de cinco centenas de votos, sufragaram o movimento.

Por outro lado ainda, António Franco, à frente do seu grupo, efectivamente foi de longe o que realizou a melhor campanha – não só no terreno, no contacto com as pessoas, como também nas Redes Sociais, visando o concelho.

Vamos aguardar pela tomada de posse do novo elenco. Nós por cá, naturalmente, sem nos prendermos em simpatias, vamos prosseguindo na análise.


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