terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A VIDA TRANSFORMADA EM CARNAVAL

 

(Imagem da Web)




Hoje é terça-feira, dia de Carnaval. A pandemia veio trocar-nos as voltas completamente. Até ao ano passado, de 2020, sobretudo os mais foliões, saíamos de casa e, para nos divertirmos em cortejos carnavalescos ou sozinhos, expurgávamos os fantasmas, as preocupações de um ano inteiro passado.

Este ano de 2021, para mal de todos nós, é diferente em tudo, para pior, até no Carnaval. O sermos obrigados a estar confinados a um concelho ou à habitação, psicologicamente, transforma-nos em prisioneiros de nós mesmos. É como se a liberdade de circulação fosse cortada em fatias. É como se o horizonte passasse a ser a janela do nosso vizinho.

Passámos a ter medo de tudo e de todos. A comunicação entre humanos, com este choque endémico, levou um revés dificilmente ultrapassável nos tempos que se avizinham.

Por outro lado, o uso imposto de máscara, sem darmos por isso, transforma-nos numa espécie de assaltantes de cara tapada, encapuzados, prontos a divergir da ordem estabelecida. Por vezes, pela protecção que o ornamento concede à identidade, pergunto-me como não têm aumentado desmesuradamente os assaltos à mão armada.

Em especulação, dá para pensar que, depois das roupas todas iguais provindas da China, que praticamente transformou tudo o que vestimos numa espécie de fardamentos de Mao mais modernos. Para não nos distinguirmos no meio da molhe social, só faltava mesmo a máscara para nos fazer mais iguais entre desiguais.

Se bem que há quem diga que depois deste acumular de restrições por causa do Covid-19 nos vamos tornar mais humildes e valorativos nas pequenas coisas da vida. Que esta pandemia foi uma mensagem da natureza, para que a respeitemos integralmente e não pensarmos que estamos acima das suas leis naturais.

Claro que há outros que, fazendo-nos crer numa tese de conspiração, acreditam que o que se está a passar é um plano urdido pelo grande capital mundial para, à medida que a generalidade vai ficando mais pobre e mais frágil, nos tornar cada vez mais dependentes da grande ordem financeira global.

Seja lá que significado este tempo tiver, não podemos, nem devemos perder a esperança. É esta mesma natureza que nos ensina que depois de um vale, inevitavelmente, virá sempre uma montanha.

Para o ano voltará a haver carnaval. E, curiosamente, volta a ser à Terça-feira.

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