quarta-feira, 6 de novembro de 2019

BAIXA: FALECEU A "MARIAZINHA" DO A. LOUREIRO

A imagem pode conter: 1 pessoa, a sorrir




Em Julho de 2015, a Baixa, no seu caminho ascensional em direcção ao futuro, assistiu à boa morte do A. Loureiro, uma loja com 45 anos cujo ciclo chegava ao fim, como escrevi na altura – engraçado, parece que foi ontem que assisti às lágrimas contidas em sorriso simpático da Maria da Boa Morte Vieira da Costa Loureiro, mais conhecida por “Mariazinha” entre colegas. Nesta dupla entrevista, escrita que lhe fiz e falada nas imagens captadas em vídeo pelo Márcio Ramos, está lá tudo. A alegria sentida no abrir portas de um estabelecimento - noutra época, no tempo em que um comerciante sabia que trabalhando arduamente ganharia a sua independência financeira e, como suplemento social, ganharia o respeito da comunidade. Nestes anos que não voltam mais, o estabelecimento era a extensão do seu proprietário, em identidade, na seriedade e como marco social - e a nostalgia manifestada em tristeza e dor, duplo desgosto, por um lado, por ver a degradação em que caiu a actividade comercial, por outro, constatar a impotência para alterar seja o que for. Para piorar, a idade não perdoa, e, como tal, numa avaliação necessária, verificar que é chegada a hora de encerrar a porta pela última vez. E, como se ao deixar a rotina de muitas décadas, se ficasse despido de um grande sobretudo de uma responsabilidade que deixou de ser. Sentindo o vazio como incapacitante, carregasse o anátema do inválido no resto de existência até ao último suspiro. E aqui, como numa peça de teatro em que se descerra o pano sobre o palco, tudo termina.
Ontem a Mariazinha, na sua última viagem entre nós, foi cremada no Crematório Municipal de Taveiro. É um dos nossos que se vai. Escrever que o nosso meio, o nosso centro comercial, que é a Baixa, fica mais pobre, pretendendo ser uma singela homenagem, é pouquíssimo. Ainda que não sejam reconhecidos, os alicerces desta zona comercial, como estrutura, estão implantados em pessoas como a Mariazinha e o seu desaparecido marido, o senhor António Manuel Loureiro. Foi graças ao seu empenho e dedicação que a Baixa, com todos os altos e baixos, é o que é hoje.
Para a sua família, nesta hora difícil, em nome de todos nós colegas comerciantes, os nossos sentidos pêsames. Para a extinta agora desaparecida uma salva de palmas.



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