Foi
ontem sepultada a nossa conterrânea Rosa de Azevedo Neto, de 99
anos, moradora no Adro de Cima, na Casa Medieval, junto à Rua
Sargento-mor, no prédio onde, durante décadas, funcionou o
“Cantinho da Anita”, loja conceituada de artesanato e já encerrada, sobre gerência da sua filha, Maria Hermínia
Matos.
Rosa, para além de
ser uma flor que nos acompanhou em longa vida neste jardim que é a
Baixa – quase um século -, foi uma resistente, uma lutadora, uma
heroína de elevado peso na comunidade, mas anónima, cuja sombra deslizante na paisagem os jornais
raramente se apercebem e contam a sua história.
De humildade entranhada na carne, com uma simpatia contagiante que se apanhava no seu sorriso estampado, pelo seu passado de trabalho e de ombro amigo sempre pronto a ajudar um vizinho, apetecia apertar as maçãs do seu rosto e exclamar: “Esses seus cabelos brancos, bonitos, esses passos lentos, já correram tanto na vida, meu querido, meu velho amigo!”.
De humildade entranhada na carne, com uma simpatia contagiante que se apanhava no seu sorriso estampado, pelo seu passado de trabalho e de ombro amigo sempre pronto a ajudar um vizinho, apetecia apertar as maçãs do seu rosto e exclamar: “Esses seus cabelos brancos, bonitos, esses passos lentos, já correram tanto na vida, meu querido, meu velho amigo!”.
Rosa,
juntamente com o desaparecido marido, Henrique Branco, que foi
tipógrafo do Diário de Coimbra e d’O Despertar, trabalharam muito
para criar os seus filhos. Concebendo pequenas flores de seda para
aplicar em vestidos de cerimónia, para além de trabalhar para
várias modistas na cidade, chegou a ter muitas encomendas para o
“José Novais” e “Último Figurino”, grandes estabelecimentos
de luxo já encerrados há cerca de uma ou duas décadas. Com a sua arte
manual de bordar, Rosa Neto deixou marcada a ferros a sua passagem
nesta vida. Com o seu desaparecimento vai um pouco da história
comercial e do que foi a pujança de comprar e vender nesta zona de
Coimbra.
Para
os seus filhos e restante família, em nome da Baixa, se posso
escrever assim, os nossos sentidos pêsames. Para a grande mestra
Rosa Neto, que partiu em paz, uma enorme salva de palmas!
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