*Escrito
pelo Olho de Lince
O
Sol já ia alto quando recebemos ontem
o e-mail na redacção: “Caro
Amigo director do blogue
Questões Nacionais, Por
esta dolorosa ocasião, venho convidá-lo para uns copos de vinho,
hoje, dia 18, depois de jantar, a partir das 21h, no Largo do Poço,
na Baixa, em frente à Camponeza. Sem prendas, apenas com o bálsamo
da amizade e os/as respectivo(a)s acompanhantes, naturalmente.
Peço-lhe confirmação, por favor, para facilitar a preparação.
JMSilva”.
O
nosso director, o Luís
Fernandes, depois de ler a
mensagem, arranhando na cabeça, pareceu ter ficado incomodado. De
supetão, atirou: “venha
ler isto, Olho de Lince!”
Não
precisou de dizer mais nada. Eu adivinhei a bronquite que estava em
perspectiva. Desde há algum
tempo o Fernandes é,
“ex-aequo”,
chefe máximo do blogue e, ao
mesmo tempo, administrador da Página da Câmara Municipal de Coimbra (Não Oficial), no Facebook. Seja pela acumulação dos cargos ou
não, a verdade é que a malta da esquerda com
assento na cidade deu em
acusá-lo de parcialidade a favor do ex-bastonário da Ordem dos
Médicos. Tanto faz o nosso director explicar que todos os partidos e
movimentos políticos, com respectivos candidatos, lhe merecem o
mesmo respeito como não. Eu
sei que se trata de uma injustiça. Posso garantir que o meu patrão
é um bocado bronco, lá isso é, mas é um tipo sério, e não
mistura as coisas. Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Sou
testemunha do seu esforço na equidistância. Mas não vale nada.
Para muito pessoal que milita e bebe do
catecismo do
marxismo-leninismo o que parece é, ponto
e parágrafo. E sem direito a
contraditório.
Não
sei se já perceberam mas, por essa avaliação redutora de carácter,
dá para ver que ele não
deveria comparecer no aniversário do promitente candidato a
presidente da Câmara Municipal de Coimbra em 2021.
E
AGORA?
Para
complicar tudo, havia outro
contratempo, todos os meus
colegas jornalistas estão
de serviço à cobertura da campanha eleitoral para as legislativas
do próximo
06 de Outubro. O director-adjunto, o Luís Quintans, anda a correr
atrás de Rui Rio entre Porto e Lisboa. Já que o Rio não vem à
cidade dos estudantes, quem sabe por a achar de pouca importância,
vai o jornalista ao Rio.
O
editor-executivo, António Fernandes, segue de perto o António
Costa, lá para as bandas de Lisboa – já que também para o Primeiro-ministro em exercício Coimbra não faz parte do mapa.
O
Fernandes Quintans, o chefe de redacção, anda a cobrir (salvo seja,
que a língua portuguesa é matreira) a Assunção Cristas em tudo o
que é vila, aldeia, feira e mercado municipal.
O
Arnaldo, ver-para-além- da-opacidade, anda a cobrir (outra vez salvo
seja) a Catarina Martins por todos os bairros em
vias de serem desmantelados pelo camartelo e onde
os pobres mais
pobres do país pedem
uma casinha.
A
telefonista para todo o serviço, a Etelvina, melhor-que-pudim-flan,
anda atrás do Jerónimo de Sousa, para ver se o arrebita.
Para
divulgar as propostas de André
Silva para a neutralidade
carbónica e bem-estar animal do PAN, Partido dos Animais e da
Natureza, em regime excepcional, contratámos
a “Zezinha Gatona”.
Quanto
aos novos partidos, como não temos pessoal e a Câmara Municipal de Coimbra não
nos inclui na subvenção quinzenal das publicações de
deliberações, portamo-nos como a RTP: fazemos de conta que não
existem. E pronto!
Ou
seja, não sei se estão a acompanhar: como, por um lado, estava tudo
ocupado, por outro, em manifesto conflito de interesses, o director
Luís Fernandes não deveria
comparecer para não ser o que parecia, em sentença sumária:
ordenou: “você vai
noticiar o 60º aniversário do José Manuel Silva!”.
Ainda tentei vagamente argumentar que sou fotojornalista.
E mais: que estou ocupado
a acompanhar as próximas eleições para a APBC, Agência para a
Promoção da Baixa de Coimbra. Mas
nada. Como de costume, o gajo
não ouve ninguém. Tenho de
confessar que, embora me fizesse caro, nem me importei muito. Afinal,
se calhar, sempre haveria croquete e, com sorte, leitão assado e até
bife de vaca na grelha. E lá fui eu.
DAQUI
LARGO DO POÇO, BAIXA DE COIMBRA...
Passavam
quarenta e cinco minutos das 21h00 quando
cheguei. O tempo, ameno, de
cerca de vinte graus, estava agradável. No
Largo do Poço, em frente a garrafeira A Camponeza – um reconhecido
estabelecimento centenário da Baixa de Coimbra – a ambiência
social era informal. Várias mesas corridas, umas
carregadas de alimentos ligeiros,
outras com bebidas para todos os gostos,
emolduravam o nobre largo. O centro das atenções, embora sem fazer
nada para isso, naturalmente era
o aniversariante, José Manuel Silva, coordenador do Movimento Somos
Coimbra.
Cerca
de três dezenas de pessoas falavam de política. O
grupo, constituído essencialmente por “companhons
de route”, eleitos na
Câmara Municipal, Assembleia Municipal e juntas de freguesia, e
outros de renome local e internacional como, por exemplo, o físico
Carlos Fiolhais, o ex-reitor da Universidade de Coimbra João Gabriel
Silva e José Castelo Branco,
do Instituto de contabilidade e Administração,
discutiam
a conquista da autarquia em
2021 pelo professor da Faculdade de Medicina de Coimbra.
À
minha pergunta se esta festa
no coração da zona velha significava um piscar de olho aos
operadores da Baixa, respondeu José
Manuel Silva: “não
senhor! A escolha deste local para comemorar o meu aniversário tem a
ver com a tranquilidade que se sente, e
também pelo bom serviço
prestado (no fornecimento de bebidas) pela senhora Assunção Ataíde”
– uma dos proprietários da Camponeza.
Já quanto à comida, servida pelo celebrante, predominava o biológico. E até o bolo de
aniversário era “grumet”.
Cá para mim, que ninguém nos lê, andou ali o sindroma do Falcão -que sempre comeu carne e agora não.
Ora bolas! Estava à espera de um bifinho de vaca… e nada!
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