sexta-feira, 10 de abril de 2015

LEIA O CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS...



Leia aqui o CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS desta semana.

Na página "OLHARES... POR COIMBRA E PELO PAÍS", na rubrica "NÓS POR CÁ..."  leia  o texto "SEGUNDO ESTUDO PRÉVIO PARA ELÉTRICOS EM PRESPETIVA" e "COIMBRA, CIDADE MADRASTA PARA FEIRAS".
Na rubrica "OLHAR PARA SUL..." pode ler a crónica "O CINEMA DE LUTO E O RENASCIMENTO DO TEATRO"


"NÓS POR CÁ..."


SEGUNDO ESTUDO PRÉVIO PARA ELÉTRICOS EM PRESPECTIVA

No dia primeiro de abril, Dia das Mentiras, escrevi este texto no blogue. Embora com um certo ar zombeteiro, nesta crónica contava que, juntando a um primeiro estudo anunciado e com percurso para a margem esquerda, iria ser discutida a possibilidade de haver um novo itinerário a abranger toda a Baixa e apanhando o lado direito do Mondego. Por entender que fará sentido abrir esta discussão, tomo a liberdade de o publicar mesmo, antecipadamente, dando a conhecer o seu teor irónico.
Segundo fonte idónea, a título extraordinário e sob proposta de Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, o executivo camarário vai reunir hoje, dia primeiro de abril, durante a tarde, para aprovar um segundo estudo prévio e de impacto ambiental para a criação de uma linha de elétricos turística entre a Rua da Alegria, Avenida Navarro, Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, Praça 8 de Maio, Rua da Sofia, Rua João Machado, Avenida Fernão de Magalhães junto à Auto Industrial, Rua do Arnado –atravessando a linha férrea-, Avenida Cidade de Aeminium, Ponte de Santa Clara, Avenida João das Regras, Rotunda do Portugal dos Pequenitos, Rua Augusto Gonçalves, Rotunda das Lages e retorno pela Avenida Inês de Castro e novamente pela Ponte de Santa Clara.
Lembro que foi aprovado um estudo prévio para implantação de uma linha que ligaria a Rua da Alegria até à Rotunda das Lajes, na margem esquerda do Mondego.
Tentando saber mais alguma informação sobre o que estaria por trás deste segundo estudo provoquei o meu interlocutor: diga-me lá, será que o Machado teve insónias de segunda para terça-feira e deu-lhe para pensar que o itinerário proposto no último executivo é uma asneira de palmatória sobretudo pela pouca ambição do projeto?
Respondeu o meu depoente: “até poderia ter sido, mas não. O que aconteceu foi que ontem, terça-feira, atrasamo-nos na autarquia e saímos cerca das 14h00. O Reis, o dono do restaurante Cantinho do Reis, não parava de ligar ao presidente a dizer que o arroz de cabidela assim ia ficar seco. Às tantas o Machado, como se estivesse a falar sozinho, enfatizou: “é pá se o elétrico passasse aqui chegávamos muito mais rápido ao Terreiro da Erva, carago!”
Ficámos todos a olhar para ele –porque, seja eu franco consigo, é o que ele gosta- e, de repente, bateu com a mão aberta na testa e exclamou: “Caraças, como é que eu não me lembrei disto? O elétrico deve passar aqui à frente da câmara!”
O José Reis, do Cantinho dos Reis, sem o saber, acabou a fazer história. Se não fossem os seus persistentes telefonemas teríamos um roteiro que, por ser curto de vistas, não interessa a ninguém”, divagou o meu amigo.


COIMBRA, CIDADE MADRASTA PARA FEIRAS

Pelo Diário das Beiras, em título no interior, ficámos a saber que a “Autarquia recusa subsídio à Feira Popular”. Continuamos a ler e “O presidente da Câmara de Coimbra recusou ontem o requerimento dos vereadores do PSD para que fosse atribuído um subsídio para a Feira Popular, que tem lugar, habitualmente, por ocasião das Festas da Cidade. Manuel Machado disse que a proposta para atribuição de subsídios à União de Freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas, que realiza o certame, “não tem fundamento”. Salienta-se, e também é referido no jornal, que a Feira Popular vai ter isenção de taxas de funcionamento no valor atribuído de 9672,00 euros.
Comecemos pelo argumento de Manuel Machado, presidente da edilidade conimbricense, de que a “atribuição de subsídios à União de Freguesias, que realiza o certame, não tem fundamento”. A meu ver, na forma Machado tem razão. As juntas de freguesias agregadas têm verbas atribuídas pela autarquia e, por isso mesmo, em princípio, não fará grande sentido haver uma segunda cabimentação já que gera um precedente extensível a outras. Acontece que só na forma tem fundamento. Na substância Machado perde completamente a razão. A Feira Popular, pelo ambiente de memória que nos transporta para a infância, pela grandeza –são 17 dias de animação- e pelo historial de importância para a cidade, é diferente de outro qualquer evento –só encontro analogia com a romaria do Espírito Santo, embora em menor grau já que se estende por uma semana. Por isso mesmo, em nome dos cidadãos e pela responsabilidade que lhe cabe em manter esta alegoria, o executivo tem obrigação de fazer tudo para a manter. Não há dinheiro para ser patrocinada? Mas há um ano atrás foram atribuídos 52 mil euros para organizar um torneio de futebol juvenil em honra de um desaparecido ex-vereador do Partido Socialista.
Esta atitude em negar subsídio, para além da aselhice política, cheira a esturro. O que ressalta e dá impressão é que a Feira Popular é o “leit motiv” para a guerra partidária –já que José Simão, presidente da Junta de Santa Clara e  agora agregada em união, concorre pelo do PSD. Curiosamente, relevo que mesmo no tempo da Coligação por Coimbra, anterior a este executivo socialista, sobretudo com a falecida Empresa Municipal de Turismo de Coimbra, já havia problemas. Dizia-se que a extinta empresa municipal queria “roubar” a organização a Simão.
Uma coisa é certa, a Câmara Municipal de Coimbra (CMC), quer seja com este presidente quer com os anteriores, nunca fez nada para manter eventos que estão gravados na nossa memória e constituem a alma da cidade –basta lembrar a CIC, Feira Industrial e Comercial de Coimbra, que precisamente por ser da responsabilidade da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, houve sempre uma guerra surda e silenciosa de protagonismo entre as duas entidades. O resultado final, num esticar de corda, de tudo ou nada, entre a ACIC e a CMC, sabemos no que deu: acabou a engrandecer a de Cantanhede. Não será de estranhar que, mais ano menos ano, a Feira Popular tenha o mesmo destino.
Dá a impressão que somos uma cidade de galos e de poleiros. Para além disso, parece que temos uma aversão generalizada a tudo o que seja velho. Mas isso não importa nada! O que interessa mesmo, porque é a grande moda nacional, é criar novas ideias de negócio.

"OLHAR PARA SUL..."


O CINEMA DE LUTO E O RENASCIMENTO DO TEATRO

Morreu Manuel de Oliveira, o mais antigo cineasta em exercício. O cinema, pela perda deste grande realizador português, está de luto. Pela teoria da compensação, de que a seguir a um dano segue-se um benefício, o teatro português está a renascer das cinzas. Basta ver as imensas peças na arte cénica que, acompanhadas de lágrimas de crocodilo, estão a surgir de todos os quadrantes políticos. Grandes desempenhos, sobretudo da direita já que esta ideologia adora os bons profissionais que, apenas imbricados na sua arte, não se metem na política e que não fazem ondas. A ala conservadora ama este modelo de português “santo da casa não faz milagre” em que é menosprezado cá dentro e venerado lá fora. E sobretudo pela projeção identitária: porque vindo do mudo –como tantos personagens partidários que conhecemos bem- transforma-se num ícone do sonoro. Igualmente como estes figurantes, que até entrarem na política tinham uma vida a preto e branco e depois passaram ao arco-íris, até nisso Oliveira é o seu ídolo. Além de mais, a direita gosta da Etnografia, do “Pintor e a Cidade”. A recompensa por tanta similitude é todos os que não levantam cabelo serem trasladados e repousarem eternamente no Mosteiro dos Jerónimos.
A esquerda, porque não alinha muito em contos de meninos milionários e talvez porque os dez dias que Oliveira esteve preso pela Pide não fazem do indivíduo um revolucionário do contra, não vai muito na ilusão. Além de mais o homem da câmara de filmar colaborou na revista de cinema Movimento ligada à Mocidade Portuguesa Feminina: Boletim mensal. E também por que, entre o “passado e o presente”, não alinha muito bem com a memória histórica já que lhe traz à recordação trocadilhos mal digeridos, não se mostra muito esfuziante com este ressurgimento abrupto do teatro e prefere manter-se “nim”. Por “O Acto da Primavera” só conhece a Primavera de Praga. No entanto, “Aniki-Bobó” deixa que pensar no fascismo dos anos trinta e transversal à Europa e, com o tempo, até pode ser que venha a idolatrar o grande cineasta. Teatro nem com “Sapato de Cetim”. A esquerda odeia “Canibais”, mormente o grande capital. Mas vamos com calma!
O conservadorismo em Portugal está de parabéns. Pelo manifestado esgar de dor e contorcionismo está a mostrar ao povo que a tradição ainda é o que era. Sim senhor! Pelo menos durante uns dias e umas noites, coincidindo com a Páscoa, esquecemos o estertor do senhor dos Passos, n”A Caça” e o aventureirismo do Costinha, da “Canção de Lisboa”. Durante três dias –dois de luto nacional- vamos todos assistir numa televisão perto de nós às mais pungentes manifestações teatrais de sofrimento e angústia plasmadas em máscaras sofridas de nada vezes nenhum. Nestas coisas, e como manda o costume, o povinho na sua habitual hipocrisia e “Non, ou a Vã Glória de Mandar”, agora também não esquece os imensos filmes que (nunca) viu de Manuel Oliveira. Ah grande Nação! Lá diz o povo, há males que sempre vêm por bem. Valha-nos o “Quinto Império”!




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