quarta-feira, 20 de agosto de 2008

UMA VENDA FIXA DE VERGONHA





Em 2002, logo após a vitória autárquica de Carlos Encarnação, foi colocado em discussão pública o novo Regulamento da Venda Ambulante.
Acerca dos vendedores ciganos, que, há data, estavam colocados no Largo da Maracha, junto ao “bota-a-baixo”, e, pela necessidade de obras na Rua da Louça, foram colocados a 50 metros daquele local e junto aos extintos Armazéns Amizade, no Largo das Olarias, junto à Loja do Cidadão.
Já depois da aprovação plena do Regulamento de Venda Ambulante, Pina Prata, o então vice-presidente de Carlos Encarnação garantia verbalmente a quem o queria ouvir que “aquela vergonha que se constatava no “bota-a-baixo” iria desaparecer. A venda iria ser regulamentada e aos ciganos iriam ser atribuídos lugares com dignidade”. O tempo foi passando, em 2005 Pina Prata foi destituído, Encarnação foi reeleito, e até hoje tudo continua na mesma.
O quadro que se nos depara para quem vai à Loja do Cidadão é simplesmente deplorável, ou pior, vergonhoso. Já anteriormente o escrevi aqui, embora não se entenda como é que este executivo aprova um Regulamento muito mais regrado e restrito para a venda Ambulante, em relação ao anterior de Manuel Machado, e, em toda sua displicência, mostra, na prática, ser muito mais desmazelado do que o seu antecessor.
Se por um lado é inconcebível que uma feira degradada como a que se avista ali possa coabitar com lojas de rua –basta atentar, por exemplo na venda de artigos de desporto, de marca, a 5Euros, quando ao lado existe um estabelecimento a vender as mesmas marcas, logicamente por preços mais elevados. E não é preciso fazer juízos de valor acerca da razão do comerciante de rua vender muito mais caro.
Sem paternalismos bacocos, apenas tentando ser justo, por outro lado, e esta é uma verdade inquestionável, os vendedores ciganos têm direitos. Não têm culpa dos serviços administrativos da autarquia serem relapsos. E assim sendo, é obrigação desta Câmara dar condições dignas a estas pessoas. Em minha opinião deveriam ser-lhes concedidos, em toda a Baixa, pequenos quiosques típicos, onde cada um faria o seu negócio, logicamente obrigando-os a cumprir as mesmas regras que qualquer comerciante está obrigado.
Simplesmente mantê-los ali, em magote, todos juntos, ao molho e fé em Deus, sem condições nenhumas deveria, acima de tudo, envergonhar o presidente da Câmara, embora, pela nossa omissão, em pouco nos importarmos com aquela situação decadente, também sobra para nós. Também nos envergonha a todos.

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