sábado, 23 de agosto de 2008

ACHEI "A ORIGEM DO MUNDO"

("A ORIGEM DO MUNDO" -GUSTAVE COURBET 1866)

Passeava na rua lentamente,
sem ter nada que fazer,
olhava os rostos das gentes,
por entre uma chuva corrente,
tentava adivinhar no rosto, e ler,
se eram ateus ou crentes,
foi então, num raio de sol nascente,
num recanto escuro de prazer,
em sombra perdida de olhares carentes,
encontrei aquela pintura quente,
olhando as gentes que olhavam a correr,
interroguei se acaso eram parentes,
fugiam de mim, dela, como serpente,
saracoteia, em volta antes de morrer,
e eu, sem perceber nada, porque fugia a gente,
daquele paraíso carnal dolente,
imagem que convidava a entrar sem sofrer,
porque é que uma pessoa mente,
nunca diz aquilo que sente,
derrete-se toda para ter,
teatraliza e ilude a gente,
embora diga não querer,
mata pelo desejo que sente,
o gozo pode ser curto e saber,
mas ao desejo não se mente,
vida sem prazer não é viver,
é estar morto clandestinamente.

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