domingo, 10 de janeiro de 2021

MEALHADA: A ENTREVISTA DO ALEGADO CANDIDATO (1)

 





Na última edição do Jornal da Mealhada (JM), de 6 de Janeiro, fomos brindados com duas entrevistas, uma a Rui Marqueiro, actual presidente da Câmara Municipal e presumidamente o próximo candidato pelo Partido Socialista (PS) e outra a Hugo Alves Silva, actualmente vereador no executivo, sem pelouro em representação da coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, e mais que certo o concursante que, nas próximas eleições de Outubro, se apresentará ao combate autárquico em representação do PSD – não se sabe se no próximo mandato 2021-2024 concorrerá sozinho ou, novamente, com os anteriores partidos, CDS/PP, MPT e PPM, que constituem a actual parceria do Juntos pelo Concelho da Mealhada.

Seguindo a ordem do JM, começo pela análise da entrevista a Rui Marqueiro.

Em subtítulo, “Marqueiro admite que pode não se recandidatar, mas as denúncias de que tem sido alvo, e que o fizeram arguido num processo judicial, levam-no a pensar “ir ao combate”.

NOTA:

O que o actual presidente da Câmara Municipal quer dizer é: por um lado, está dependente do resultado da instrução do processo em que foi alvo por uma cobarde queixa anónima - palavras minhas. Isto é, se for dado provimento à acção a decorrer e intentada pelo Ministério Público, como quem diz, se o Juiz de Instrução não considerar as provas apresentadas pela defesa de Marqueiro e enviar o processo para julgamento e este não se realizar em 2021, continuando como arguido, é certinho que não se poderá candidatar.

Por outro lado, pelo pouco que sei, este economista é o único ás de ouro do PS local para a ir a jogo e, ao que parece, não haverá plano b. Como quem diz, em caso de vacatura, os socialistas estarão em risco de perder o seu bastião.

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Continuando a cruzar palavras do entrevistado, à pergunta se “O Orçamento Municipal para 2021 é o ideal ou o possível?”, a determinado ponto diz: “(…) Nunca precisámos de pedir dinheiro emprestado, mas neste momento temos de avançar com o novo edifício municipal. Aquele é de 1895 e já e colocam problemas de segurança. O anterior executivo tinha um projecto que ficava em 12 milhões de euros, sem nenhuma ajuda financeira” – como o anterior chefe da edilidade foi Carlos Cabral, seu correlegionário mas, ao que se diz, com pouco amizade a ligá-los, não deveria ter ficado muito contente pela ferroada. E prossegue Marqueiro, “sem querer insultar ninguém, é uma megalomania. Houve que encomendar um novo projecto e houve uma decisão: é em 2021 que vai avançar. Começámos por pedir dois milhões de euros e vamos, provavelmente, pedir mais, porque esta verba não chega. O edifício municipal será para servir várias gerações, porque terá esta geração de suportar tudo? Para isso é que pedimos dinheiro a médio e longo prazo”.

NOTA:

O valor deste anteprojecto, alegadamente, está orçamentado em 6 milhões de euros, isto se não derrapar.

Na última Assembleia Municipal transmitida por via Zoom, Marqueiro afirmou que, quem quisesse ver como estava depauperado o edifício municipal se prontificava a mostrar. Para entender esta necessidade absoluta, que pelos vistos endivida completamente o presente e o futuro do município, era bom que começasse já a marcar as visitas em grupo. E para fazer passar a mensagem é bom que seja bastante convincente.

Era bom não esquecer que a Câmara da Mealhada já esteve no top ten das autarquias com maior solvabilidade económica e a pagar a fornecedores a trinta dias. Esta coisa de fazer grandes "investimentos" sem retorno em obras, sem dinheiro e a onerar o futuro dos nossos netos, só cabe na cabeça de grandes estadistas iluminados.

Salvo melhor opinião, vale mais o executivo ser acusado de protelar obras do que o contrário, ou seja, de se endividar para mostrar betão e mais betão.

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À pergunta “pode garantir que, em 2021, haverá FESTAME?” respondeu Marqueiro:

(…) Não se consegue fazer um FESTAME com categoria sem ser a um ano de prazo. Os artistas têm uma agenda já preenchida com grande antecedência. Poderá haver um evento mais reduzido, mas não posso garantir que vai haver FESTAME”.

NOTA:

Salvo melhor opinião, é um erro insistir nas entradas gratuitas do actual projecto da maior festa do concelho.

É demagogia populista uma câmara municipal fazer grandes festas à custa do erário público. Bem sei que as entradas cobradas e o espaço ocupado por expositores provavelmente não chegarão para cobrir todo o orçamentado mas, no entanto, é obrigação aceitar essa cota-parte.

Os munícipes que frequentam estas festas têm obrigação de comparticipar nos custos. Aliás, é imoral que o montante seja distribuído por todos, por pessoas que não põem lá os pés.

Mais: uma alegoria em que não se dá importância às verbas de bilheteira jamais crescerá. Só damos valor ao que nos custa.

Coloque-se os olhos em Cantanhede e na sua Expofacic.


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