segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

MEALHADA: A ENTREVISTA DO ALEGADO CANDIDATO (2)

 

  




Na última edição do Jornal da Mealhada (JM), de 6 de Janeiro, fomos brindados com duas entrevistas, uma a Rui Marqueiro, actual presidente da Câmara Municipal e presumidamente o próximo candidato pelo Partido Socialista (PS) e outra a Hugo Alves Silva, actualmente vereador no executivo, sem pelouro, em representação da coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, e mais que certo o concursante que, nas próximas eleições de Outubro, se apresentará ao combate autárquico em representação do PSD – não se sabe se no próximo mandato 2021-2024 concorrerá sozinho ou, novamente, com os anteriores partidos, CDS/PP, MPT e PPM, que constituem a actual parceria do Juntos pelo Concelho da Mealhada.

Seguindo a ordem do JM, hoje apresento a análise da entrevista ao segundo visado, Hugo Alves Silva.

Em subtítulo, “Hugo Alves Silva, da Coligação Juntos Pelo Concelho da Mealhada, considera ter havido pouca obra do executivo atual, e entende que os munícipes não se identificam com o que tem sido feito a nível camarário no concelho”.

NOTA:

O empregar o termo “obra”, aparentemente, é em sentido figurado e não quererá especificar literalmente construção de betão. Quererá dizer, portanto, que, a olho nu, não se vislumbram grandes melhoramentos no concelho, quer a nível social, económico e político.

Trata-se de uma resposta “politicamente correcta” no âmbito da sua legitimidade como líder da oposição. Ninguém estaria à espera que Hugo Alves Silva (HAS) fosse dizer o contrário. O papel da oposição, ainda que por vezes possa ser entendido como exagerado para alguns, é fazer a denúncia pública do que entende como injusto para a comunidade e apontar fragilidades à maioria. Dentro do campo da retórica deve ser admitida como uma verdade conveniente que tem por objecto alcançar um lastro convincente.

******

Continuando, à pergunta do JM “Aquando da aprovação do Orçamento, acusou o Executivo de estar constantemente a adiar obras. Conta vê-las avançar em 2021?” retorquiu HAS: “Podia ir mais atrás na avaliação das promessas por cumprir, mas se disser que a obra e as promessas congelaram em 2016, todos conseguem perceber porque é que nem as Juntas de Freguesia disfarçam que não acreditam no executivo do próprio partido. As freguesias ficaram quatro anos praticamente sem obra das Juntas e do próprio município. Alguém politicamente sério acredita que quem não fez em sete anos vai agora fazer obra a nove meses das eleições? O orçamento 2021 arrasta as obras prometidas para o fim do mandato seguinte, ao mesmo tempo que a comunicação da câmara esconde esse facto. Vão tapar o sol com uma peneira e fazer qualquer coisa, mas obras e medidas para o desenvolvimento do concelho, eu não acredito”.

NOTA:

Nesta reação à pergunta formulada HAS viria a declamar a frase que contribuiria para incendiar os presidentes de junta do concelho e, em pelotão, virados para apoiar Marqueiro, todos a formarem em sentido: “(...) conseguem perceber porque é que nem as Juntas de Freguesia disfarçam que não acreditam no executivo do próprio partido”.

Salvo melhor opinião, mais uma vez este teor está no campo da filosofia política. Ainda que o líder da oposição possa entender este discurso com convicção, será sempre uma verdade/mentira para quem recepciona a mensagem. Logicamente, para os prosélitos da maioria será sempre uma tremenda aldrabice. Para os simpatizantes da coligação será sempre uma autenticidade. A posição ideológica do receptor perante o emissor será sempre condição “sine qua non” para a filtragem. Na realidade, nem um nem outro grupo estarão minimamente interessados na tal verdade. É a palavra do líder que conta para transformar uma simples frase vazia em “axioma”, verdade sem contestação. Daí tudo fazermos para desvalorizar e entender o foguetório dos representantes dos fregueses.

*****

Nova interrogação do JM: “Veem na construção de um novo edifício camarário uma prioridade para o novo ano?

Responde HAS: “É falso que o novo edifício seja uma realidade para 2021, na melhor das hipóteses virá aí um projecto e, eventualmente, um concirso público que ficará deserto à boa maneira de quem lança obras por preços abaixo do valor de mercado para poder adiar a sua execução. (…) Assumir mais de seis milhões de euros de investimento como fonte da solução para este problema é que me parece errado. (…) Estes mais de seis milhões vão resolver o problema do espaço mas não vão dar nova vida a toda esta zona.

NOTA:

Porventura, esta será a melhor explicação, que cava mais fundo, do líder da oposição e de maior abrangência entre os munícipes simpatizantes inter-partidos. Poucos cidadãos esclarecidos e responsáveis entenderão que se vá onerar o presente e o futuro de um município numa altura de tão grande crise sanitária/económica. Sobretudo com um projecto que, para além da comodidade, não trazendo qualquer retorno, é tudo menos um investimento.


Sem comentários: