sábado, 8 de dezembro de 2018

UM RETRATO NACIONAL: PORTUGUÊS, FROUXO, MAL-AGRADECIDO, RANÇOSO

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)






Na Página do Leitor do Diário de Coimbra (DC) de hoje, sob o título “Há uma senhora da televisão que anda a apavorar os/as pedroguenses mais fragilizados”, um anónimo que se identifica por “Um Pedroguense preocupado”, num fingimento bolorento, perora sobre o jornalismo de investigação.
Sem nunca referir nem o canal de televisão nem a jornalista em causa, este mostrengo de pessoa mais que certo ligado a algum político com rabo entalado em Pedrógão Grande, com indirectas de blasfémia, dirige as suas setas envenenadas à TVI e à jornalista Ana Leal por causa dos excelentes trabalhos que o canal de Queluz de Baixo tem apresentado sobre o escândalo de distribuição de verbas aos lesados pelos incêndios ocorridos em Junho e Outubro de 2017. A última peça televisiva foi para o ar nesta nesta Quinta-feira e exibia o estado económico das vítimas dos fogos de Outubro do ano passado. Por um lado, denunciava a forma insensível, a barrar o desprezo, como o Estado Português, com o Governo a ser o principal visado, tratou os que ficaram sem nada. Mostrando declarações de prejuízos assinadas a zeros, em que é notório a incompetência de funcionários públicos inábeis que, no mínimo, deveriam ser sancionados, a reportagem mostrou um país a duas velocidades: os bem-instalados e os desgraçados, agora sem-tecto, que para Lisboa nada contam. Por parte do Governo e do Presidente da República, ouvir falar constantemente da necessidade de repovoar o Interior desertificado e, neste caso, sentir as lágrimas, por vezes, a escorrer pela face ao ver e ouvir os testemunhos na primeira pessoa, apetece mandar todos os falsos profetas, todos os políticos da treta para um sítio que agora não escrevo. A palavra que emerge é INDIGNAÇÃO. Por outro lado, ficou bem patente na reportagem a entrega desinteressada de alguns voluntários como, por exemplo, Ana Perpétuo, uma assistente social minha conhecida, que se esforçam por ajudar quem mais precisa.


MAS, AFINAL, O QUE ESCREVEU O ABORTO NO DC?


Tudo o que é demais parece mal”… até poderia começar por usar este chavão popular para expressar o que me vai na alma. Mas, confesso que fica muito aquém do que se está a passar no nosso concelho com uma “senhora da tv” de um canal de televisão português por causa das audiências, sem respeitar as pessoas (principalmente os indefesos idosos), sem respeitar a ética profissional, sem respeitar princípios… enfim, sem respeitar os valores que nós por aqui na nossa simples e digna “terrinha” que tanto prezamos.
Confesso que tinha prometido a mim mesmo não falar publicamente no assunto, mas há limites. O meu esgotou-se hoje (terça-feira, 4 de dezembro 2018). Depois de na semana passada, por mero acaso profissional estar na zona de Vila Facaia e ter presenciado o pavor (sim, pavor!!!) de algumas pessoas – pessoas de bem – respeitadoras e respeitadas por todos, que tinham sido abordadas por esta “senhora da tv” e alguns menos idosos já não escondiam a revolta, alguns mesmo já com sugestões violentas e perigosas. Na altura senti-me na obrigação de pôr água na fervura e tentar tranquilizar aquelas pessoas. Foi o que fiz.” (e continua a verberar na Página do Leitor uma opinião digna de constar no anedotário nacional)


PARAR PARA RESPIRAR…


Mesmo só com metade da crónica hipócrita e mentirosa publicada no DC, dá para ver que quem escreveu um absurdo assim só pode fazer parte dos grupos de funcionários desqualificados ou dos políticos incapazes.
Por outro lado, ao “ter presenciado o pavor (sim, pavor!!!) de algumas pessoas” por terem sido abordadas pela jornalista da TVI, dá para perceber que, para o futuro, quando for preciso adormecer uma criança na zona de Pedrógão basta ameaçar: “Ou fechas os olhos ou chamo a Ana Leal!” - a notável profissional de informação que perdoe esta brincadeira: não se vá abaixo, Ana! A senhora é uma grande mulher!


UM RETRATO NACIONAL


Este género de queixa anónima, visando refrear e ofender quem faz alguma coisa para dirimir as injustiças sociais, dá o corpo às balas e sem medo de represálias afronta um poder arbitrário, é bem o paradigma do português que encontramos todos os dias, que vive ao nosso lado, que frequenta o mesmo café, que vai à missa ao domingo e bate no peito com a mão aberta, que nos pedidos para o Banco alimentar dá um saco cheio de víveres para os pobrezinhos.
Valha-nos a certeza de que, mesmo raramente, por vezes encontramos jornalistas como Ana Leal – felizmente não é a única nos canais privados e públicos a fazer investigação, e aqui relembro também Sandra Felgueiras no “sexta às 9”, da RTP1. Sem esquecer o apoio de retaguarda feito por outros jornalistas, parabéns a todos! Os cidadãos simples como eu agradecem.

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