segunda-feira, 20 de setembro de 2010

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)

(IMAGEM DA WEB)











Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "BAIXA: O JULGAMENTO POPULAR SUMÁRIO DO DIA": 


Tem graça o seu texto. 
Mas não passa disso.
O uso de “piercings” é uma complicação potencial em termos de relação de um docente com os delinquentes. Saberá que os internados nos centros educativos são delinquentes, que ali estão por terem cometido crimes graves?
Em última análise, a retirada dos “piercings” (dos locais visíveis, os outros irrelevam oh DdaVeiga) é um factor de protecção ao próprio docente.
Por outro lado, se um usa 3 “piercings” outro pode usar 33. E o outro pode andar de chapéu de coco (foi uma promessa ao senhor santo dos cocos) e depois não há regras. Ou seja, não há educação para a necessária tentativa de ressocialização dos delinquentes.
Falar contra o uso de “piercings” é fácil, mas antever as complicações que lhe subjazem, uiiiii, (isso) é muito mais complicado do que parece. 

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NOTA DO EDITOR:

Começo por lhe agradecer o ter comentado. Fez muito bem. Naturalmente, já viu que não estamos de acordo, mas, saliento, isso não interessa nada. Até diria mais: ainda bem. Mas vou então defender a minha “dama”, como quem diz o meu ponto de vista:

1-Com franqueza, ontem, quando estava a ler a notícia no Diário de Coimbra, o meu primeiro pensamento foi: o Centro Educativo dos Olivais tem razão.
Realmente, como diz, também inferi que realmente os “percings” são uma potencial complicação nas relações. Sobretudo para mim que já tenho 54 anos e que nunca usei nenhum, nem tenho qualquer apetência ou simpatia por tais ornamentos.
Lembrei-me também, num apriorismo de conceitos, o quanto associamos estas pessoas com a marginalidade;

2-Depois, porque gosto de ponderar e não embarcar na primeira reflexão, recordei-me que, apesar de não usar nem gostar de ver, tenho um filho com 27 anos que, para além de já ter usado o cabelo pintado de cores berrantes, também já usou vários “piercings”. E chegado aqui, foi fundamental o meu diagnóstico: para mim, e respeitando outras opiniões, o Estado está errado ao impor simplesmente a proibição como cláusula barreira. O argumento de que “são delinquentes e cometeram crimes graves”, se, por um lado em tese, é bom não esquecer esse facto verdadeiro, por outro, no seu pragmatismo individual, no respeito que cada sujeito merece, não pode ser redundante e abrangente. E nessa fundamentação, embarcar no mar das lamentações, e classificá-los todos por igual. Como sabe, melhor do que eu, haverá uns mais delinquentes do que outros. E sendo um centro de ressocialização, logo, será contra-natura, classificar todos por igual;

3-Não gosto muito de defender que estas crianças institucionalizadas, muitas delas fruto de famílias disfuncionais, são o resultado do sistema, e, como tal, como se fosse um “sombrero” de abas largas, perdoar-lhes tudo. Nada disso! Porém, para o mal, o sistema existe e não poderemos negá-lo. Ou seja, se não há famílias perfeitas, não haverá Estados ideais do ponto de vista da eficácia na protecção do cidadão. Porém, a responsabilidade última destas crianças caberá sempre ao Estado nesse amparo a famílias desagregadas. Como tal, nessa responsabilidade educacional, cabe-lhe agir como um ponderado chefe de família. Creio que, na minha alguma experiência como pai, simplesmente proibir por proibir está errado –admito que, pela minha falta de traquejo com estas pessoas, possa estar profundamente enganado. É o bom senso que me diz;

4-Pelo que leio, tenho quase a certeza que, apesar de já ter havido uma grande revolução a seguir ao 25 de Abril, quando estes centros educacionais eram chamados de “Tutorias”, onde os castigos físicos e a pancada predominava, hoje será imperativo reanalisar novamente os conceitos de educação e uma nova forma de encarar a relação instituição/institucionalizado/sociedade.
Ainda bem que aconteceu este incidente. Estou convencido que, para bem de todos, surgiu na altura própria para agitar as águas que se mantinham em “banho-maria” há décadas;

5-O acto de colocar um “percing”, uma tatuagem, pintar o cabelo de amarelo, ainda que actos de rebeldia contra uma sociedade formatada, é uma acção individual e do foro pessoal. Existem, conceitos de “exagerado, assim-assim e mínimo”. Isto para rebater o seu argumento de que se usa 3, porque não usar 33. Penso que fazer esta relação directa é intelectualmente desonesto. Como em tudo é necessária alguma ponderação, não entrando em radicalismos, e, sobretudo que o resultado final seja o melhor para a sociedade. Pode o amigo(a) garantir que o sistema actual é o melhor?


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SDaVeiga deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)": 


Anónimo/a:

Perdoe a ignorância, mas como é que "o uso de piercings é uma complicação potencial em termos de uma relação de um docente com os" alunos (que de todo concordo com o termo delinquentes, porque o crime cometido pode ter sido grave, mas querer mudar prova que não o são - só o é verdadeiramente quem não quer mudar!!!)?!?
Se fosse como a outra senhora que posou nua, entendo o constrangimento e como ela teria que lidar com comentários incómodos (ou não, porque até existem pessoas sérias no mundo e a maior parte delas até são crianças e jovens, que só descambam depois por causa dos falsos moralismos e dos demasiados tabus que não lhes satisfazem a curiosidade inata)...
Mas piercings?!?
Já agora, pintar cabelo de cores vivas ou ter tatuagens, não?!?
Santa paciência, mas não é o que temos por fora que nos rotula, é o que somos por dentro e a integridade e prazer de ensinar que faz um bom professor (e, com as condições actuais, já são tão poucos que o fazem com gosto, atolados no meio das papeladas como estão...)!!!
Cada um deve ser como é, com uma individualidade marcada e não mais um membro do rebanho e, honestamente, acredito que um professor com brincos na orelha (que não considero piercing - isso é um termo que reservo para áreas não-tradicionais!) até poderia demonstrar a abertura de espírito que jovens com problemas de inserção compreenderiam como uma porta para o diálogo e a confiança.
Pelo menos não de certeza pessoas que condenam outras por isso, pois este género de grilhões são ridículos!!! 



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Jorge Neves deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)": 


Sou funcionário do Ministério da Justiça, mais propriamente na Policia Judiciaria há onze anos e mandei colocar um brinco de pequenas dimensões. Qual o mal?

Deixei de ser bom profissional por isso? Deixei de ser tão homem como os meus colegas que não usam? Interfere alguma coisa no serviço? 
Para além de uns olhares de lado ao princípio, de falarem nas minhas costas, o pessoal já se habituou.
Os Regulamentos Internos não se sobrepõem às Leis, ou seja uma lei menor não está a cima de uma lei maior.
Como o professor em causa também coloquei o brinco por uma promessa pessoal.
No limite é sempre uma opção do docente. Será que o não uso de “piercing” vai fazer com que tenham um melhor comportamento e mesmo que não fujam da Instituição? Claro que não. Existe muita gente que ainda vive no 24 de Abril de 1974.Já agora para mim não são delinquentes, são os filhos da sociedade em que vivemos, eu prefiro dizer jovens com desvio comportamental. Quando fizerem 18 anos e forem metidos com uma mochila às costas e deitados ao Mundo, será que aí já incomoda a opção do docente em usar “piercing”? 













1 comentário:

Jorge Neves disse...

Sou funcionário do Ministério da Justiça, mais propriamente na Policia Judiciaria há onze anos e mandei colocar um brinco de pequenas dimensões. Qual o mal disso?

Deixei de ser bom profissional por isso? Deixei de ser tão homem como os meus colegas que não usam? Interfere alguma coisa no serviço?
Para além de uns olhares de lado ao princípio, de falarem nas minhas costas, pessoal já se habituou.
Os Regulamentos Internos não se sobrepõem às Leis, ou seja uma Lei menor não está a cima de uma Lei maior.
Como o professor em causa também coloquei o brinco por uma promessa pessoal.
No limite é sempre uma opção do docente.Será que o não uso de piercing vai fazer com que tenham um melhor comportamento e mesmo que não fujam da Instituição? Claro que não.Existe muita gente que ainda vive no 24 de Abril de 1974.Já agora para mim não são delinquentes, são os filhos da sociedade em que vivemos ,eu prefiro dizer jovens com desvio comportamental, fizerem 18 anos e forem metidos com uma mochila ás costas e deitados ao Mundo, será que ai já incomoda a opção do docente em usar piercing?