terça-feira, 7 de março de 2023

MEALHADA: APROVADA A LOCALIZAÇÃO DO “BOM DIA” DA MODELO E CONTINENTE

 

(imagem de arquivo)



Foi uma reunião da Câmara Municipal demasiado calma e sem chama. De tal modo que, pela sonolência palpável no ar do Salão Nobre, até Marcelo Rebelo de Sousa, no retrato em pose institucional na parede, não abriu a boca – comportamento deveras estranho por que tudo o que cheira a comentário o Presidente “mete a colher”.

Até o nosso “agitador de serviço”, monsenhor Rui Marqueiro, apareceu cordato e, para se distrair, olhava o tecto em gesso do salão e figurava contar as fissuras existentes.

A República, atrás deste orador, em busto de terracota, com os olhos em bico parecia interrogar: “o senhor doutor está doente? Está? Não é por nada, mas parece uma “fera amansada”. Parece transparecer um denotado cansaço. Quem o viu noutras sessões e quem o vê agora…

Não é muito certo o que vou escrever, mas esta modorra também poderia ser provocada por uma sombra espiritual que parecia pairar no centenário salão das grandes decisões concelhias. Diz quem tem mediunidade, sensibilidade para questões mertafísicas, que hoje andava por lá, em espírito, Belmiro de Azevedo. Fosse por isso ou não, a verdade é que até o site institucional da Câmara Municipal se foi abaixo. Teria sido por esta visita tão majestática? Não sei. O que sei é que havia ali uma atmosfera algo esquisita.


E APARECEU O BRAÇO ARMADO DO GRANDE CAPITAL


E bateram as dez badaladas na torre sineira da Igreja paroquial, ali bem próximo.

E veio o período de tempo atribuído ao público.

Havia um interveniente muito especial para intervir: nada menos do que Carlos Bogas, arquitecto da Sonae Continente.

Coisa rara ver um representante do grande comércio a retalho descer ao povoado e sentar-se na cadeira consignada aos comuns para defender uma maior celeridade na aprovação de uma loja “Bom Dia”, por detrás do Cine-Teatro Messias.

Mas o citado arquitecto, sem peneiras nem vaidade, fê-lo. E, certamente fruto da sua experiência, fê-lo com simplicidade, e muito bem. Falou quando tinha de falar, calou-se quando teve de se calar.

E a sua vinda não foi por acaso, é que em cima da mesa estava em discussão a votação de uma “norma excepcional para a implantação da media-superfície Modelo e Continente”. Ou seja, segundo explicou António Franco, presidente da edilidade, ao abrigo do PDM, Plano Director Municipal, artigo 37º, embora não estivessem realizadas todas as prerrogativas impostas pelo executivo, nomeadamente relaccionadas com o estacionamento e outras questões de projecto, poder-se-ia avançar para a aprovação da localização. Isto é, uma vez que o PDM o permite, é uma forma de dar um passo em direcção ao investidor, para que este não se sinta desmotivado, agarre na trouxa e parta para outro concelho.

Com alguma celeuma, ainda que fraca, o ponto foi aprovado por maioria, com a votação dos vereadores com pelouro e com os votos contra da bancada socialista – poderia ter sido impressão minha mas pareceu-me que este assunto, de tão grande importância para a Mealhada, não foi objecto de uma reunião prévia por parte dos Socialistas. Isto porque, na hora de votar, só Marqueiro foi claro na decisão. Calhoa e Luís Tovim, este em substituição de Sónia Leite, pareceram-me indecisos e foram a reboque do líder da bancada da oposição.

Para ficar mais claro, quer dizer que a Sonae já viu aprovada a localização preliminar do seu pedido. No entanto, para a sua prossecução avançar é preciso corrigir detalhes do projecto.

No fim da reunião, pareceu ouvir-se um ruído parecido com palmas. Poderia ser um bater de asas de uma pomba na vidraça da janela ou, sei lá, do contentamento do espírito de Belmiro de Azevedo.

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