sexta-feira, 17 de março de 2023

GRANDE COMÉRCIO: A DEMAGOGIA CONTINUA A CAVALGAR JUNTO COM O POPULISMO (4)

 

(imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




Ter lucros é indispensável.

Mas, se o único propósito for ganhar dinheiro isso já não é bom.

Há que compartilhar com toda a sociedade, com os trabalhadores,

com os fornecedores, com os acionistas.

Mas se não há lucro, não se pode reinvestir, ampliar e manter uma empresa.

Há que transmitir esta mensagem à sociedade”

Juan Roig, presidente da Mercadona



Numa acção mediática concertada, durante mais de trinta anos fomo-nos habituando a ver, a ouvir e a ler que os preços praticados no comércio tradicional eram mais caros em comparação com as grandes superfícies. E nem é difícil de aceitar esta verdade como axioma sem contestação se confrontarmos a capacidade económica de um e outro.

Mas esta mensagem passada aos consumidores (que somos todos) nunca pretendeu estabelecer e atingir o objecto de um paralelo de honestidade intelectual. Pelo contrário, sempre carregou um discurso envenenado.

Por sua vez os sucessivos Governos das últimas décadas, para justificar um descarado proteccionismo ao grande comércio, foram deixando passar que a “mão invisível de Adam Smith”, numa total liberalização, regularia por si mesmo os mercados. Invocando que era bom para os portugueses viverem numa economia aberta, sem empecilhos do Estado, onde as forças em confronto atingiriam um equilíbrio, mesmo nomeando Entidades Reguladoras – que nunca funcionaram com transparência. Numa clara falta de imparcialidade, perante escandalosos oligopólios, como é o caso dos sectores de combustíveis e comunicações, estas entidades sempre pareceram desprezar os mais pequenos.

Eis então que num cenário de guerra e após-pandemia, num palco imprevisível, o Governo PS, com um ministro da economia algo atarantado e sem saber o que dizer, nos apresenta nos últimos dias uma peça bufa, com o burlesco a saltitar de rosto em rosto dos contribuintes das classes baixa e média.

Ao culpar as grandes áreas comerciais de praticarem margens de lucro abusivas, e prometer mandar todo a “infantaria” de fiscais da ASAE para o grande comércio para conter os enormes aumentos, só pode estar a gozar com os reformados de baixas pensões.

Num ridículo sem limite, de repente o país viu-se a contabilizar os preços de venda da cebola, da alface e do peixe congelado. Como se margens de 50% em produtos perecíveis fossem inadmissíveis e constituissem o busílis da questão.

Ao tornar o grande comércio em bode expiatório para acarretar com a responsabilidade dos custos inflaccionistas só pode estar mesmo a brincar com todos nós.

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