segunda-feira, 7 de março de 2022

MEALHADA: HOJE HOUVE UMA ATRIBULADA REUNIÃO DE CÂMARA (1)

 

(imagem do jornal online Bairrada Informação)




As palavras são para serem usadas.

Eu estive 18 anos na Câmara e ouvi o que não gostava.

Se o senhor foi eleito tem de estar preparado para ouvir.


Como tem sido hábito, mas parece que esta foi a última neste formato, a reunião de Câmara Municipal da Mealhada decorreu sobre os auspícios de via ZOOM, em vídeo-conferência, através da Internet.

Com início por volta das 9h00 desta Segunda-feira, para os que nunca esperam surpresas e consideram estas sessões umas grandes “chochadas, parecia ser mais uma exposição quinzenal de assuntos que, para os mais distraídos ou que sofram de apneia do sono, provoca bocejos e uma sonolência sem precedentes.

É claro que para os observadores de trazer por casa, como eu, há sempre alguém no grupo que, quebrando a monotonia, quer seja por bem ou por mal, vai salientar-se e dar-me o tempo perdido como bem utilizado. E para mim, confesso, estas reuniões do executivo são uma “moca”. É como ir ao teatro. A questão é saber a razão de um reputado político, só porque mudou de cadeira, se transformou em comediante? Seria já um sonho de menino? Ou, porventura, seria o tempo, esse malfadado espaço que transforma tudo, que alterou o seu carácter e a sua forma de ser?

Mas vamos ao que interessa que de fábulas não reza a história.

E entramos no Período de Antes da Ordem do Dia, como manda a cartilha institucional.

Ainda no período de acalmia, salienta-se a proposta de Rui Marqueiro, ex-presidente da autarquia e agora vereador eleito pela camisola do Partido Socialista, que disse que a Câmara, outrora, contribuiu com 10 mil euros para ajudar Moçambique. “A minha proposta é que seja feita uma contribuição financeira para ajudar a Ucrânia. Estou certo que será bem administrada.”

Em seguida, Marqueiro, numa reviravolta, insinuou que a maioria tem ido ver espectáculos ao Cine-teatro Messias à “borliú”, sem pagar. E pronto, estava o caldo entornado, ou por outra, através do ecrã viu-se o verniz a saltar das unhas das senhoras vereadoras e os cabelos em pé nos eleitos pelo povo.

E todos os ofendidos, saltando em defesa da honra agredida, disseram a uma só voz não ser verdade.

Não acreditando, e pondo em causa as explicações do colectivo, reiterou Marqueiro com acentuada ironia: “Então vão à borla?!? Isso é que é um exemplo! Eu, incluindo os meus vereadores, sempre paguei os meus bilhetes.”

De canhão em riste, sempre mordaz, continuou Marqueiro agora sobre o atraso das obras do novo mercado e da ETAR: (…) Eu não falei com os funcionários para não receber represálias.”

(…) O senhor Hugo Silva evita de vir com a catalinária do costume”.

Adivinhando-se um enorme esforço para se conter, Franco respondeu: “As obras do mercado estão atrasadas porque não cumpriam com a parte eléctrica. Estamos afazer algumas correcções para ver se conseguimos algum financiamento.”

Mas Marqueiro, num golpe de cintura, voltou ao ataque: “Os prazos de execução estão redigidos no Código de Procedimento Administrativo. Já agora, nas obras do mercado dá a impressão que são para andar devagar.

E, dirigindo-se a Franco com algum desdém, atirou: “Você é o único inteligente ao cimo da terra”.

E rematou: “Se não se resolver, vou queixar-me ao DIAP, do senhor. E não vai ser anónima, nem em nome de Maria Silva (assinatura das queixas anónimas para o Ministério Público de que Marqueiro foi alvo). Eu vou dar o meu nome.

E calhou a vez de Gil Ferreira, o vereador da Cultura. “O que se diz na página do Facebook, em nome de Rui Marqueiro, sobre a apresentação da programação do Cine-teatro Messias, as palavras não são neutras. “Decoro” e “falta de vergonha” são qualificativos que não aceito.”

Já quase a deitar fumo pelas narinas, com a calma possível, ripostou Franco: “Isto é política sem princípios. Estou sempre contra esta forma de levantar questões nas redes sociais.

Responde Marqueiro: “As palavras são para serem usadas. Eu estive 18 anos na Câmara e ouvi o que não gostava. Se o senhor foi eleito tem de estar preparado para ouvir.

E sem esperar pela recarga do opositor atirou: “O senhor tem pouco valor como presidente. O senhor é um grandessíssimo incompetente.

Ainda no Período de Antes da Ordem do Dia, interveio Filomena Pinheiro para dizer que a Câmara, o concelho, vai estar representado na BTL, Bolsa de Turismo de Lisboa, a maior feira de turismo do país.

Interrompeu Marqueiro: “Que restaurante vai estar representado na BTL? Sou capaz de adivinhar...”

Respondeu Filomena que, por exclusão de partes, ou seja, por desistência de outros três concorrentes, ficou só o restaurante O Castiço, que aceitou.

Esclareceu Franco que, embora a Mealhada esteja lá, a representação é organizada pela CIM-Coimbra.


(CONTINUA)

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