sexta-feira, 5 de julho de 2019

EDITORIAL: EM COIMBRA, DUAS FAMÍLIAS POLÍTICAS GOVERNAM E MALTRATAM O CIDADÃO À VEZ


(Vídeos realizados por Fernando Moura, do jornal online Notícias de Coimbra -para quem endereçamos o nosso mais profundo agradecimento)




Na próxima Segunda-feira, dia de reunião autárquica, na qualidade de cidadão, vou levar à Câmara o resultado de uma análise exaustiva às actas dos últimos 12 anos – isto, obviamente, se os serviços de apoio à presidência, à última hora, não arranjarem um qualquer impedimento. No penúltimo encontro fui barrado com o argumento de que não tinha escrito no requerimento de inscrição a frase “Pedir esclarecimentos”. Por este reiterado comportamento, a qualquer hora espero que argumentem que falta um ponto de exclamação, uma vírgula, um ponto final, sei lá.
Voltando ao “estudo” que apresentarei nesta próxima Segunda-feira, ou noutra qualquer, declaro que o meu único propósito é, com dados, provar que em Coimbra, em acentuada inclinação nos últimos 12 anos, há um profundo défice democrático de participação popular. Gostava de salientar que, embora os elementos apontem para uma mais elevada degradação nos últimos seis anos de governança PS, com conhecimento de facto, porque participei no Executivo e na Assembleia Municipal muitas vezes entre 2007 e 2013, afirmo solenemente que a anterior Coligação por Coimbra (PSD/CDS/PPM) praticou sempre na cidade o mesmo desrespeito pelo cidadão. Ou seja, quer a família laranja - em exercício político no período de 2001 a 2013 -, quer a família rosa - entre 2013 e 2019 -, uma e outra, destrataram sempre o munícipe. Mas há um pormenor: este PS, com Manuel Machado à frente, consegue ultrapassar em muito, para pior, o anterior governo de associação política.
Conforme afirmei, há cerca de uma semana, na última Assembleia Municipal, entre 01 de Janeiro de 2007 e Junho de 2013, a Coligação por Coimbra, com Carlos Encarnação e João Barbosa de Melo, teve 126 participações públicas nas muitas sessões de Câmara – que é preciso levar em conta que apenas uma das duas mensais era aberta aos munícipes. Por outro lado, relembro, eram necessários apenas dois dias úteis para a inscrição prévia. Por outro lado ainda, nesta altura as sessões eram sempre interrompidas às 17h00 para ouvir os cidadãos e depois, em seguida, eram retomados os trabalhos de agenda.
Faço notar que neste período da história da cidade, os assuntos apresentados pelos munícipes no hemiciclo eram discutidos por toda a vereação e era levado o técnico responsável ou chefe de departamento para responder ao cidadão.
Em 28/10/2013, na primeira reunião do novo executivo liderado por Manuel Machado, foi alterado o Regimento das Reuniões da Câmara Municipal de Coimbra. Entre outras modificações, de dois dias úteis para a inscrição pública passou para cinco dias úteis. Para além disto, passou a incluir mais um ponto a incluir sanção para a violação da Lei. Assim como a redacção do acesso ao público passou de “pelas 17h00” para “a ocorrer pelas 17h00”.
A partir desta mudança de sistema, aos problemas apresentados, a resposta passou a ser respondida na maioria das vezes pelo presidente da Câmara e poucas vezes com intervenção dos restantes vereadores da oposição. Assim como também os técnicos relaccionados com o problema levado pelos munícipes deixaram de estar presentes na sessão. O último a intervir no esclarecimento do cidadão ocorreu em 31/03/2014.
Até 2016 quase todas as sessões foram interrompidas às 17h00 para ouvir os munícipes e depois retomadas. Sem se saber a razão e o critério, duas delas, no ano de 2014, por não ter sido interrompida a sessão, foram prolongadas cerca de quatro horas para além da hora regulamentar. Tais factos originaram uma forte indignação, com uma premonição, do então vereador José Belo.
Em 31/10/2017 foi novamente alterado o Regimento Camarário. Entre outros pontos, o artigo 14.º passou a prescrever que “as reuniões ordinárias da Câmara são Públicas” - relembro que até aqui apenas uma era aberta publicamente.
A partir desta altura os munícipes passaram a serem ouvidos no final da sessão. Consequência ou não desta metodologia, a verdade é que no final do ano de 2017 não houve uma única participação. Durante o ano de 2018, com as reuniões a terminarem entre as 17h30 e as 19h30, houve apenas cinco intervenções de munícipes.
No total destes cinco anos e seis meses, entre 28/10/2013 e Junho de 2019, com o PS a liderar, foram contabilizados 55 participações nas várias sessões públicas – para comparar, e repetindo o que escrevi em cima, entre 01 de Janeiro de 2007 e Junho de 2013, a Coligação por Coimbra, com Carlos Encarnação e João Barbosa de Melo, teve 126 participações públicas nas muitas sessões de Câmara.
Mais há para dizer, mas fica para a próxima Segunda-feira, na sessão de Câmara - que deverá ocorrer, talvez, às 18h00, 19h00, 20h00, 21h00 ou, quem sabe, lá para as 22h00. De qualquer modo, por uma questão de honra, até esta declarada prepotência ser emendada, lá estarei presente.

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