“Onde
vais rio que eu canto, quero ver o teu novo Norte, Há
no cais para onde vais mãos de vida não de morte.
Vai
no mar barco à
vela, vais para te abastecer, Mais além barco veleiro, flor da vida
vai colher.”
Nesta
composição de Joaquim Pedro Gonçalves, com música de Nóbrega e
Sousa e interpretação de Sérgio Borges no Festival RTP da Canção,
em 1970, transpondo para os nossos dias, poderemos perfeitamente
dar-lhe um enquadramento actualizado na
política nacional.
Obviamente
que já se viu onde quero chegar, ou seja, a Rui Rio, presidente do
PSD, e o seu desvelado apoio a José Silvano, secretário-geral do
partido, quando, há dias, foi descoberto o seu dom da ubiquidade ao
assinar
presenças em sessões plenárias do parlamento sem
estar presente.
Rio,
que há um ano atrás, sob o lema “é
hora de agir”
se apresentou como candidato ao comando do maior partido
social-democrata e defendeu que “a
política precisa de um banho de ética”,
ao dar cobertura a uma desonestidade desta
dimensão a um seu correlegionário, sai melhor que a encomenda. É
uma pena que, sendo líder do maior partido da oposição, não
entenda que deveria primar pela diferença em relação ao partido de
governo – sobretudo pela protecção que António Costa tem
mostrado por ministros que pouco depois se apresentavam como demissionários.
É
mais que certo que esta tomada de posição do antigo presidente da
Câmara Municipal do Porto vai sair muito cara ao PSD e à Assembleia
da República – ou talvez não por que em relação ao Hemiciclo,
quer por actos recentes -lembremos a foto pretensamente de Isabel
Moreira a pintar as unhas, ou as viagens fantasmas dos deputados-
quer do passado, a sua credibilidade está pior que uma maçã
brilhante com o seu interior apodrecido.
As
antigas
Cortes Gerais – no tempo da Monarquia Constitucional – mereciam
tanto respeito como Eça de Queirós nos deixou em legado:
“A
Assembleia é um local que:
Se for gradeado será um Jardim Zoológico,
Se for murado será um presídio,
Se lhe for colocada uma lona será um circo,
Se lhe colocarem lanternas vermelhas será um bordel,
E se se puxar o autoclismo não sobra ninguém...”
Se for gradeado será um Jardim Zoológico,
Se for murado será um presídio,
Se lhe for colocada uma lona será um circo,
Se lhe colocarem lanternas vermelhas será um bordel,
E se se puxar o autoclismo não sobra ninguém...”
No
mínimo, é para lamentar que Rui Rio dê aval a uma continuada
desonestidade que, em (mau) exemplo, mostre ao país que não há
alternativa e seja tudo farinha do mesmo saco. Para onde vais Rio, do
meu desencanto?
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