sábado, 1 de dezembro de 2012

EM NOME DE DEUS...

(Hoje, encontrei vários panfletos iguais a este na Baixa)



 Que o homem é o lobo do homem não me escandaliza. Quem escreveu a frase pela primeira vez foi Thomas Hobbes -1588-1679. Para este filósofo da Idade Moderna “o homem é lobo do homem”, porque no “Estado de Natureza” em que se encontram “os homens são perfeitamente iguais, desejam as mesmas coisas, têm as mesmas necessidades e o mesmo instinto de auto-preservação. Para este grande filósofo inglês o “estado natural” é o conflito, o dissenso, a guerra. As guerras existem porque todos concorrem pelo mesmo fim, pelas mesmas coisas. A disputa acontece porque o homem é um ser obsessivamente ambicioso. Nunca está satisfeito com o que tem. Quer cada vez mais e, para alcançar o que não tem, não olha a meios para atingir os fins. Por outro lado, o homem é um ser inacabado, incompleto, e tendo consciência desta imperfeição, na inquietação, abalança-se para a frente em busca de respostas que possam colmatar as suas dúvidas existenciais cada vez maiores, sobretudo assentes na catarse: “quem sou eu? O que faço aqui? Para onde vou?”. É também aqui, nesta interrogação metafísica, pela incapacidade de refutação convincente, que o humano se vira para o transcendente e, na sua fé, sem questionar, se vira para Deus e para o Seu poder supremo e omnipotente. Continuando sem respostas, mas aceitando o dogma como axioma, verdade sem contestação, pára na sua mania de encontrar réplicas para todas as questões e aceita a impossibilidade de não ver para crer.
Não tenho dúvida em afirmar que o homem, sem resposta objectiva e clara para o que o move, a balouçar entre o bem e o mal, procura cada vez mais a perfeição e, dentro da sua natural propensão para a injustiça, tenderá cada vez mais em sublimar as iniquidades e ser equitativo. Naturalmente que neste caminhar ao longo da vida, em busca de uma solução filosófica às suas questões, se misturam as necessidades de poder, riqueza e reconhecimento. E é exactamente nesta mistura de contenda, ambição e notabilidade que assenta o progresso e desenvolvimento.
Isto tudo para dizer que não me escandaliza que a pessoa, nas suas relações bilaterais, seja e continue a ser imperfeita e injusta. O que me indigna é que em nome da sua crendice, em nome do seu acreditar, sobretudo quando se encontra numa posição de extrema fragilidade económica, alguém, uma igreja, em nome de Deus, em Seu nome, se aproveite da sua debilidade.
Em face deste prospecto, estamos perante um exemplo acabado. É preciso denunciar esta nova forma de aliciamento social.


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